Chuva preta no RS: o que é e qual a relação com as queimadas no Brasil

Água muda de coloração quando sai da nuvem e encontra fuligem. Fenômeno pode prejudicar agropecuária.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 12/09/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Um fenômeno surpreendeu moradores de cidades do Rio Grande do Sul na última terça-feira (10/9): a chuva preta (ou escura). A alteração na cor é incomum e está relacionada diretamente com as queimadas no Brasil e em países vizinhos na América do Sul, como Argentina, Bolívia e Paraguai.

Nas condições atuais, com incêndios espalhados e o vento transportando a fumaça, o risco da ocorrência do fenômeno aumenta, explica Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo.

“A chuva funciona como uma espécie de faxineira, que vai limpando tudo desde quando sai da nuvem. Então, ela deixa a atmosfera mais limpa ao tirar toda a fuligem que encontra pelo caminho. Logo, se chover e tivermos uma atmosfera suja, a água vai levar tudo até o solo”.

O também meteorologista Willians Bini reforça que a chuva preta acontece apenas quando a quantidade de poluição no ar é muito alta. A situação é diferente em cidades como São Paulo, por exemplo, conhecida pela presença de impurezas, mas em um nível menor.

“Sabemos que tem áreas assim, mas, como agora, estamos passando por um processo um pouco mais crítico, devido às queimadas, acaba potencializando a coloração mais forte da chuva, que tira toda a fuligem ao realizar o processo de lavagem na atmosfera poluída”.

Risco de chuva preta ainda é elevado

A formação de uma frente fria de fraca intensidade nos próximos dias aumenta o risco de chuva preta, alerta o meteorologista da Climatempo, em outras áreas do Rio Grande do Sul e também em Santa Catarina.

Hoje, essa massa está ingressando pelo Rio Grande do Sul e vai atuar ali amanhã, mas, na sexta, já avança. E, como tem essa grande concentração de fumaça e fuligem, não podemos descartar novos registros”, diz.

Chuva preta pode prejudicar o agro

Além do forte impacto visual, a ocorrência do fenômeno traz risco para a atividade agropecuária, já que a água da chuva negra está contaminada pela fuligem. A chuva contém carbono negro na composição, poluente resultante da queima incompleta de biomassa e combustíveis fósseis.

“Quando ele se deposita no solo com a precipitação, prejudica a composição química e a absorção de nutrientes pelas plantas, o que pode resultar na redução significativa da produtividade agrícola do produtor”, afirma Willians Bini.

Ele acrescenta que, entre outras consequências, as partículas de fuligem podem formar uma camada superficial sobre as folhas e diminuir a capacidade de fotossíntese. “Isso afeta o desenvolvimento, favorece o surgimento de fungos e bactérias patogênicas e eleva a incidência de doenças nas lavouras”.

Globo Rural

TAGS:

Acesse todos os nossos conteúdos

Publicidade

Publicidade

Seja um assinante e aproveite.

Últimas notícias

plugins premium WordPress

Acesse a sua conta

Ainda não é assinante?