Representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) vão percorrer seis cidades da China neste ano para apresentar a carne bovina brasileira e estreitar relacionamento com compradores diretos, como atacadistas, associações comerciais e governos locais.
“É um projeto amplo de interiorização na Ásia que vamos começar pela China e ano que vem vamos para outros países. A ideia é sair do diálogo só com traders e grandes empresas estatais e conversar localmente”, disse o presidente da Abiec, Roberto Perosa, em evento da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (Abmra), na quinta-feira (24).
De acordo com ele, esses compradores já consomem a carne brasileira, mas fazem a aquisição por meio de traders. A ideia agora é fomentar negócios que sejam feitos diretamente com o Brasil. “Até os governos das províncias da China podem fazer compras diretas”, disse.
Em maio, a Abiec vai inaugurar um escritório comercial na China e, a partir de então, começarão as visitas às cidades, sendo três no curto prazo e outras três mais perto do fim do ano. Ao todo, essas regiões selecionadas no país asiático têm uma população de cerca de 500 milhões de pessoas, daí o grande potencial de expansão para as vendas.
Perosa afirmou que as visitas incluirão discussão técnica e sanitária e encontros para apresentação de pratos da gastronomia local e do churrasco brasileiro.
A iniciativa acontece em um momento em que o Brasil está cada vez mais próximo da China, comercialmente, enquanto o país asiático vive uma guerra tarifária com os EUA — um dos maiores fornecedores globais de carne bovina.
Apesar de intenção de expandir as vendas ao mercado chinês, Perosa ressaltou que o país já é destino de mais de 40% da carne bovina brasileira. Sendo assim, a Abiec também busca diversificar os compradores internacionais.
“Estamos com o projeto Brazilian Beef Dinner, que promove eventos gastronômicos para apresentar a carne brasileira. Fizemos no Egito, o que possibilitou o pré-listing para o Brasil, e no Marrocos, que abriu para miúdos e pode ser um grande hub para a (entrada de carne que vai para) África e até mesmo para a Europa”, disse.
Estão programados mais oito eventos do gênero neste ano.
Na avaliação do presidente da Abiec, quando o Brasil obtiver o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), de livre de febre aftosa sem vacinação, uma série de oportunidades devem se abrir no mercado externo. A expectativa é que o novo status seja confirmado em maio.
“Vamos abrir muita possibilidade até em mercados que já são abertos. Indonésia e Filipinas, por exemplo, já têm frigoríficos brasileiros habilitados, mas podem abrir para a compra de miúdos”, estimou. Segundo ele, há também negociações em curso para aberturas que podem avançar após o novo status sanitário, com países como Japão, Coreia do Sul e Turquia.
Perosa observou que a aplicação de tarifas de importação pelos Estados Unidos deve dificultar o fornecimento de carne americana não só para a China, mas para o mundo todo. Assim, abre-se espaço para que o Brasil avance em busca de lacunas deixadas pelo produto americano.