Enchentes fazem Josapar transferir unidade de fertilizantes no RS

Companhia investirá mais de R$ 150 milhões para levar a fábrica de Rio Grande para Pelotas.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 13/12/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

As perdas com as chuvas levaram a Josapar a transferir para Rio Grande (RS) sua unidade de fertilizantes, que ficava em Pelotas (RS). A companhia, uma das maiores indústrias de arroz do país e dona da marca Tio João, disse ao Valorque as enchentes que têm ocorrido com frequência no arroio de Pelotas fizeram com que, só neste ano, a planta ficasse 30 dias alagada.

“Logisticamente, o local mais adequado para uma planta de fertilizantes é próximo à região portuária, e estávamos a 60 quilômetros do Porto de Rio Grande. Então, aliamos questões logísticas à solução para problemas de novas inundações no futuro”, afirmou ao ValorGilsomar Farias da Silveira, diretor adjunto de abastecimento e insumos da Josapar.

A empresa acertou com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESum empréstimo de R$ 152,92 milhões um empréstimo de R$ 152,92 milhões para fazer a transferência. O prazo do financiamento é de dez anos, com carência para pagamento de 24 meses.

A Josapar trabalha com fertilizantes desde a década de 1940, quando ela fazia produtos à base de farinha de osso. Em 1987, ela construiu em Pelotas a primeira fábrica de organomineral para produção em alta escala. O fertilizante que a companhia produz atualmente é composto em parte por matéria orgânica de origem nacional — ela utiliza uma rocha chamada lignito — e, em parte, por matérias-primas minerais que a empresa importa.

Com a nova unidade, a capacidade de produção da companhia vai dobrar, passando de 60 mil para 120 mil toneladas ao ano de fertilizantes organomineral. Além de usar o insumo em suas lavouras de arroz, a Josapar vende o produto a clientes do mercado nacional e também de países como Paraguai e Uruguai.

A empresa também trabalha com fertilizantes minerais, mas, atualmente, contrata serviços para armazenagem e ensaque dos produtos. “No futuro, toda essa operação vai se concentrar na nova unidade, com uma capacidade estática de armazenagem de 80 mil toneladas e de 350 mil toneladas de ensaque por ano”, afirma o executivo.

Na negociação com o BNDES, a companhia obteve ainda um financiamento de R$ 41,52 milhões para capital de giro. Esse empréstimo é de cinco anos, sendo 12 meses de carência para pagamento. A Josapar não prevê fazer outros investimentos em 2025, quando o mercado de arroz estará mais estável do que neste ano, projeta a empresa.

“Embora seja cedo para prever, já que as lavouras no Rio Grande do Sul [principal Estado produtor do país] foram plantadas recentemente, os dados oficiais apontam para um crescimento da área de cultivo. Isso que vai aumentar a produção em relação à safra 2024”, afirma Silveira.

Neste ano, a safra nacional diminuiu, e o Brasil importou arroz de países do Mercosul e também de outros mercados. A redução das tarifas de importação, que vai vigorar até este mês, deu impulso às compras no exterior, mas a medida não seguirá em 2025. Com esse quadro, os preços do arroz neste ano ficaram acima da média histórica, o que impulsionou o lucro da indústria.

Resultados financeiros

A Josapar fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 3,9 milhões, um resultado bem superior ao do mesmo período de 2023, quando o ganho da empresa havia sido de R$ 385 mil. No acumulado dos nove primeiros meses de 2024, o lucro líquido foi de R$ 22,36 milhões. De janeiro a setembro do ano passado, o ganho havia sido de R$ 3,7 milhões.

A receita líquida do terceiro trimestre, por sua vez, foi de R$ 586,9 milhões, o que representou uma pequena queda em relação aos R$ 599,8 milhões do mesmo intervalo de 2023. No acumulado de janeiro a setembro, a receita da Josapar foi de R$ 1,45 bilhão no ano passado e de R$ 1,52 bilhão em 2024.

Segundo a demonstração financeira, o aumento da lucratividade deveu-se à queda do estoque médio de passagem da safra anterior e à redução de oferta de arroz no mercado internacional, o que sustentou o nível de preço das matérias-primas no decorrer desta entressafra.

As exportações representaram 8,6% da receita total da companhia entre janeiro e setembro e 10,6% das receitas no terceiro trimestre de 2024. No ano anterior, as fatias haviam sido de 8,8% e 9,3%, respectivamente.

O braço de fertilizantes da empresa, cuja participação na receita total da companhia havia decaído consideravelmente em 2023 por normalização da oferta das matérias-primas e redução dos preços, teve em 2024 volumes prejudicados por conta dos eventos climáticos extraordinários ocorridos no Rio Grande do Sul, sobretudo pelo alagamento da unidade fabril, que ficou inoperante por pouco mais de um mês.

“Esses fatores trouxeram reflexos nas margens e nos volumes financeiros da receita desse segmento, que contribuem para o deslocamento da margem total da companhia”, afirma a empresa no texto.

Em decorrência desse conjunto de fatores o faturamento da empresa no acumulado do ano até setembro foi de R$ 1,7 bilhão, frente a R$ 1,6 bilhão do ano anterior, e no trimestre foi de R$ 643 milhões em relação aos R$ 656 milhões do mesmo período do ano anterior.

Globo Rural

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