Onda de frio no Sul: como as baixas temperaturas podem afetar plantações

Termômetros chegam a ficar abaixo de zero em algumas localidades na região.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 10/07/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Uma frente fria está avançando pela região Sul do País provocando chuvas sobre o Paraná, Sul do estado de São Paulo e algumas áreas do Mato Grosso do Sul. Com isso, temperaturas baixas foram registradas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Sudeste e no Centro do Brasil, de acordo com boletim climático da Rural Clima. A onda de frio levou os termômetros a ficarem abaixo de zero em algumas localidades.

Para os demais dias da semana, a previsão é de queda acentuada de temperatura no Centro-sul do Brasil, sem expectativa de frio intenso. De acordo Ludimila Camparoto, agrometeorologista da Rural Clima, há uma massa de polar avançando na retaguarda da frente fria, mas ela esta mais centralizada sobre a Argentina e o Uruguai, progredindo um pouco sobre o Rio Grande do Sul, onde deve provocar queda acentuada de temperatura principalmente no extremo sul do estado.

No entanto, essa massa de ar polar será barrada pela frente fria, que ficará estacionada entre Paraná e São Paulo, onde há expectativa de chuvas, no sul do Mato Grosso do Sul e no centro-norte paranaense. No fim de semana, há possibilidade de chuvas na fronteira entre o oeste do Paraná e o Paraguai e, devido a área de instabilidade, o frio esperado para o fim de semana para o Sul do Brasil pode até diminuir um pouco de intensidade.

Para o prognostico é de chuvas mais concentradas sobre a região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, mas em volume menor, além de registro de temperaturas mais elevadas que o normal para essa época do ano, embora exista algum risco de entrada de massas de ar polar em julho e em agosto no Brasil.

Para o produtor rural que está plantando e manejando suas lavouras de inverno, o momento é de atenção. E, a depender da região, as condições climáticas podem ter efeitos diversos sobre as plantações nos três Estados do Sul.

Paraná

Nas regiões norte e noroeste do Paraná, foram 41 dias sem chuvas até o dia 8 de julho, quando voltou a chover. “Agora, a situação vai melhorar um pouco para o trigo, que sofreu com um outono muito seco e quente”, diz Heverly Morais, agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) do Paraná, pontuando que o período sem chover causou perdas em algumas lavouras do cereal.

A semeadura do trigo atingiu 96% no Paraná, com algumas interrupções. Nas regiões mais tardias, no extremo sul do Paraná, a condição foi favorável devido às chuvas ocorridas do fim de junho. Já as lavouras mais precoces, implantadas em abril, enfrentaram secas e temperaturas mais elevadas, como no Norte do Paraná. Esses campos apresentaram condições de desenvolvimento ruins, como baixo crescimento, folhas amareladas, germinação lenta e desigual, menor número de perfilhos e redução no potencial produtivo.

Foi verificada maior incidência de pulgões e lagarta-rosca e uma menor eficiência dos fungicidas para controle de manchas foliares. Para os demais cereais de inverno como as aveias e a cevada a situação é semelhante. “Vai produzir, mas abaixo do esperado”, diz Heverly.

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A seca provocou também redução na produtividade do milho. Apesar disso, a qualidade da maioria dos grãos colhidos foi satisfatória. “O clima foi bem irregular e tivemos duas secas na região”, diz o produtor Cleber Veroneze Filho, produtor em Maringá (PR), que plantou 375 hectares este ano. No ano passado colheu 140 sacas por hectare. “Este ano, estou na metade da colheita, mas estimo registrar entre 110 e 115 sacas por hectare”, avalia.

Cleber faz um trabalho de manejo contínuo no solo, com rotação de cultura. Em parte da área, planta um mix com aveia preta, aveia branca, nabo pé de pato, nabo forrageiro e centeio para correção do solo. Em outra, entra com milho junto com capim braquiária. Ele diz acreditar que a técnica o possibilita reduzir perdas em anos de adversidades climáticas.

Globo Rural

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