Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, as vendas de café no Brasil da safra 2024/25 chegaram a 70% da produção até o último dia 12 de novembro. Houve um avanço de oito pontos percentuais em relação ao mês anterior.
Segundo a consultoria, esse desempenho foi impulsionado pelo aumento das vendas de café arábica. O fluxo de vendas continua acelerado em relação ao mesmo período do ano passado, quando os produtores haviam comercializado 64% da safra.
As negociações também estão ligeiramente acima da média dos últimos cinco anos indicava vendas de 67% da produção.
A estratégia dos produtores brasileiros tem sido dosar as vendas, escalonando as posições e aproveitando a curva de alta nos preços, o que tem gerado bons resultados financeiros.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, não se percebe pressão vendedora, mas os negócios vêm fluindo de forma natural. A favor do produtor, indica Barabach, o fato de que o preço alto exige uma quantidade menor de café para gerar a receita necessária. Assim, o fluxo de negócios ocorre em lotes menores, o que reforça a ideia de lentidão nas vendas.
“É verdade que, nos últimos meses, houve um avanço no volume das vendas, devido à necessidade de caixa dos produtores para cobrir despesas de colheita. O retorno das chuvas e as floradas vistosas também influenciaram na decisão de venda. No entanto, o principal gatilho de estímulo ao produtor foi aproveitar o preço alto praticado no mercado físico interno, por conta do preço internacional elvado e do dólar alto”, comenta o consultor.
As vendas de café arábica ganharam destaque no último mês, alcançando 67% da produção, superando tanto o mesmo período do ano anterior (60%) quanto a média de vendas dos últimos cinco anos, que gira em torno de 64%.
“O bom ritmo de negociações com cooperativas segue sendo o motor dessa dinâmica de negócios. No entanto, a recente alta nos preços e o bom fluxo de vendas acabaram reduzindo a presença de vendedores no mercado. A valorização externa, as dúvidas em relação à economia e o dólar e a incerteza sobre a safra futura de café no Brasil estão balizando essa postura mais cautelosa dos produtores”, acrescenta o consultor.
A proximidade do final de ano e a natural resistência à venda por questões fiscais também colaboram para essa “retranca vendedora”, o que tem reduzido a liquidez dos negócios, pondera Barabach.
“Muitos produtores, mais capitalizados, estão alterando para cima o gatilho de venda, com muitos acreditando em R$ 2.000 por saca. Alguns cafés cerejas fino já foram negociados nesse valor”, indica.
Conilon
A comercialização de café canéfora (conilon/robusta) no Brasil, embora com fluxo de vendas mais lento que o arábica nesse momento do ano, também apresenta um bom ritmo. As vendas avançaram seis pontos percentuais no último mês, alcançando 76% da produção. O ritmo de negociações está mais acelerado em comparação ao ano passado, no mesmo período, e em relação à média dos últimos 5 anos, que gira em torno de 70% da safra.
“A maior concorrência externa, com a chegada da nova safra do Vietnã, mesmo que de volume menor, tem tirado espaço do robusta brasileiro no mercado externo. Internamente, a indústria de torrado e moído tem substituído o conilon/robusta por arábica mais fraco, o que também tem diminuído a liquidez das negociações. Assim, começa a aparecer mais café nos estoques. Mas o produtor está bem capitalizado e continua sem pressa para vender, o que explica a cadência nas negociações”, comenta.
Vendas da safra 2025/26
De acordo com análise da Safras & Mercado, a postura mais atuante dos vendedores no mercado disponível não tem se refletido nas vendas da safra nova, que seguem lentas e com atraso, apesar dos preços atrativos.
“As dúvidas sobre o potencial produtivo da próxima safra brasileira, juntamente com a alta dos preços, explicam essa atitude mais cautelosa dos produtores”, pontua Barabach.
A previsão inicial é de que as vendas da safra 2025/26 do Brasil girem em torno de 11% do potencial produtivo, com as negociações de arábica alcançando 16% da próxima safra. As vendas de café arábica estão abaixo do mesmo período do ano passado, quando correspondiam a cerca de 25% da produção, e abaixo da média dos últimos três anos (2021-2023), que foi de aproximadamente 21% do potencial produtivo.