As vendas da safra 2024/25 de café chegaram a 88% do total produzido até o dia 11 de fevereiro, segundo o levantamento mensal de Safras & Mercado publicado nesta segunda-feira (17/2). A comercialização representa um aumento de três pontos percentuais em relação ao mês anterior, contemplando a média de vendas do arábica e do conilon.
O ritmo de vendas diminuiu em razão dos preços elevados da commodity no mercado internacional. De acordo com o consultor da Safras Gil Barabach há um percentual de café vendido pelos produtores que corrobora com um “forte aperto na oferta”, pelo menos até a chegada do café da nova safra.
“O arábica trabalhando acima de 400 centavos a libra-peso em Nova York e o robusta próximo a US$ 5.800 por tonelada em Londres reforçam esse sentimento de alta, o que resulta no sumiço dos vendedores”, informa a Safras.
Mesmo assim a comercialização ainda é maior que o mesmo período do ano passado, quando produtores venderam 79% da safra 2023/24.
Ao separar por espécie, as vendas foram maiores no caso do conilon, cujos produtores comercializaram 93% da safra 2024/25, reta final com pouco da produção restando na mão dos produtores. As vendas do arábica chegaram a 85%, com destaque para algumas cooperativas que ultrapassam esse percentual e chegam a 90% de sacas comercializadas.
Só que no momento, o mercado físico brasileiro perde liquidez, apesar da agressividade de alguns compradores.
“Os negócios na exportação estão mais focados na cobertura de embarques, com muito pouco negócio novo no mercado. A indústria doméstica, especialmente as grandes empresas de torrado e moído, tem aparecido mais na ponta compradora, buscando cobrir necessidades até a chegada do café novo”, acrescenta o relatório da consultoria.
Com mais compradores do que vendedores, o número mágico de quanto será a nova safra no Brasil determina a dinâmica nas bolsas e nas corretoras de café.
Vendas da safra 2025/26 seguem restritas
Já a safra 2025/26, que ainda não foi colhida, foi 13% vendida até o último dia 11, estima a Safras. A comercialização continua restrita, enquanto o mercado testa novas máximas de preços e o produtor atrasa a posição à espera de cotações mais altas.
“Além disso, não se observa agressividade por parte dos compradores, em função dos preços elevados. A dificuldade de carregar posições na bolsa, devido aos limites de crédito apertados de traders e indústrias, também tem influenciado a lentidão dos negócios”, afirma o levantamento mensal.
Esses números estão bem abaixo da média dos últimos 4 anos (2021-2024), quando as vendas corresponderam a cerca de 22% do potencial produtivo.
Para a consultoria Hedgepoint, produtores capitalizados com os preços mais altos nos últimos anos não têm pressa para vender.
“A alta dos preços do café e o aumento dos custos operacionais podem forçar traders com menor acesso a crédito a liquidar posições, intensificando a recompra de contratos futuros e aumentando a volatilidade”, aponta o boletim divulgado hoje pela consultoria.