As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações do Canadá devem dificultar as vendas da empresa de fertilizantes Nutrien, de origem canadense, ao país vizinho. A taxação foi suspensa por um mês, mas pode voltar no início de março.
A preocupação da companhia é que as tarifas façam o custo do adubo vendido aos agricultores americanos subir e prejudiquem sua competitividade neste ano.
“Os agricultores dos EUA provavelmente sentirão o impacto [do custo] após a temporada de plantio da primavera”, disse na quinta-feira Ken Seitz, presidente da Nutrien, em teleconferência sobre os resultados financeiros da empresa no quarto trimestre de 2024.
No último trimestre, o lucro líquido da companhia canadense caiu 33%, para US$ 118 milhões, enquanto as vendas recuaram 10,3%, para US$ 5,07 bilhões.
Os executivos da companhia avaliaram durante a apresentação que há incertezas sobre o futuro da comercialização nos EUA, mas também indicaram que, apesar do cenário de dificuldade, ainda acreditam em uma “fase boa na América do Norte”. Na visão da direção da Nutrien, o mercado americano ainda tem potencial por causa da projeção de um aumento da área de milho nos Estados Unidos, o que pode contribuir para elevar a demanda por adubo.
Há ainda um outro fator que pode influenciar a demanda no país. A adubação dos solos nos Estados Unidos foi prejudicada no ano passado com a antecipação do frio em diversas regiões durante o outono. Por isso, os executivos da Nutrien acreditam que a procura por parte dos produtores americanos pode aumentar durante a primavera para equilibrar a condição dos solos.
A fabricante espera ter uma indicação sobre qual será o comportamento da demanda nos Estados Unidos em abril, quando divulgará o balanço do primeiro trimestre.
Sobre a operação da Nutrien no Brasil, Mark Thompson, vice-presidente e diretor financeiro da companhia, disse que o país continua um bom lugar para negócios, apesar de a empresa ter anunciado o fechamento de cinco misturadoras no país no último dia 7 de fevereiro.
Os executivos não deram mais detalhes sobre a estratégia no Brasil. A Nutrien ainda busca um comprador para as fábricas paradas e justificou a decisão como uma forma de enxugar os custos e recuperar o fluxo de caixa, já que as atividades no país vinham se enfraquecendo.
As plantas paralisadas, que só tiveram dois anos de operação, estão localizadas em Itapetininga (SP), Alfenas (MG) e Araxá (MG), Morrinhos (GO) e Cristalina (GO). A empresa também demitiu funcionários e fechou revendas de marca própria.
A Nutrien atribuiu o cenário crítico do setor de insumos no Brasil aos problemas climáticos, aos baixos preços das commodities, ao custo do adubo atrelado ao dólar e ao volume alto de estoques parados.
Um mercado onde a fabricante pretende ganhar espaço é na Ásia, especialmente na Índia. A Nutrien vê crescimento da demanda por potássio na região. Os executivos disseram ainda que a empresa está “estável” e que seguem otimistas para este ano.