Produção de grãos cresce, mas capacidade de armazenamento no Brasil não aumenta

Atualmente, o país tem capacidade de armazenar no máximo 201 milhões de toneladas, o que representa um gargalo logístico que precisa ser enfrentado, visto que a produção nacional é de impressionantes 299 milhões de toneladas.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 21/03/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

A agricultura desempenha um papel vital na economia brasileira, sendo a produção de grãos uma parte significativa dessa atividade. Nos últimos anos, temos testemunhado um crescimento constante na produção agrícola, o que é um reflexo do potencial do setor no país. No entanto, um desafio crucial que surge com esse crescimento é a capacidade de armazenamento, que não tem acompanhado o mesmo ritmo de expansão da produção.

Dados recentes da Companhia Nacional de Abastecimento destacam essa disparidade preocupante. Entre os anos de 2010 e 2024, a produção brasileira de grãos mais que dobrou, passando de 149 milhões de toneladas para impressionantes 299 milhões de toneladas. Por outro lado, a capacidade de estocagem cresceu apenas 45% durante o mesmo período, resultando em um descompasso significativo entre a oferta e a capacidade de armazenamento.

Atualmente, o país consegue estocar no máximo 201 milhões de toneladas, o que representa um gargalo logístico que precisa ser enfrentado.

Principais impactos para os produtores

A disparidade entre o crescimento contínuo da produção agrícola e a capacidade de armazenamento insuficiente no Brasil resulta em uma série de impactos significativos.

Primeiramente, as perdas de produção são inevitáveis quando os agricultores não têm espaço adequado para estocar seus grãos durante os períodos de colheita, o que gera prejuízos econômicos substanciais para eles e para o país. Além disso, a exposição dos grãos nos campos devido à falta de armazenamento adequado pode aumentar os riscos ambientais, como a contaminação do solo e da água, além de atrair pragas e animais selvagens, resultando em danos adicionais às plantações.

Essas perdas financeiras impactam diretamente a segurança alimentar, especialmente em comunidades rurais que dependem da agricultura como fonte primária de subsistência.

No âmbito econômico, a falta de capacidade de armazenamento afeta toda a cadeia de suprimentos agrícolas, gerando desafios logísticos, congestionamentos nas estradas e aumento dos custos operacionais.

Em resumo, esse gargalo na agricultura brasileira tem impactos substanciais em vários setores, exigindo medidas urgentes para promover um setor agrícola mais resiliente e sustentável.

Prejuízo milionário

No ano passado, o Brasil enfrentou desafios significativos devido ao déficit na capacidade de armazenagem de grãos, resultando em perdas expressivas ao longo da cadeia produtiva. Estimativas da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio apontaram que as perdas poderiam chegar a R$ 30,5 bilhões em 2023, com a soja e o milho sendo os mais afetados. Essa situação foi agravada pelos prêmios de exportação negativos, que impactaram a rentabilidade dos produtores.

A disparidade na capacidade de armazenagem entre os estados brasileiros também foi um ponto preocupante, com regiões como o Mato Grosso enfrentando um déficit significativo. Isso ressaltou a necessidade urgente de medidas para aumentar a capacidade estática de armazenamento e melhorar a distribuição regional da infraestrutura.

Essas ações são essenciais para garantir que os produtores possam vender suas safras em momentos mais favoráveis e reduzir as perdas econômicas.

Medidas que estão sendo adotadas

Diante do desafio da capacidade de armazenamento insuficiente, os produtores brasileiros estão buscando soluções práticas e estratégias para garantir a segurança de suas colheitas. Uma das principais ações adotadas pelos agricultores é o investimento na construção de infraestrutura de armazenamento própria, como silos e armazéns, aproveitando linhas de crédito especiais oferecidas por instituições como o BNDES.

Além disso, estão buscando parcerias estratégicas com cooperativas agrícolas e empresas do setor para otimizar o uso da infraestrutura de armazenamento disponível. Ao se associarem em cooperativas, os produtores podem compartilhar recursos e ter acesso a instalações de armazenamento mais modernas e eficientes, garantindo que suas colheitas sejam armazenadas com segurança até o momento da comercialização.

Para maximizar a eficiência do armazenamento, também estão adotando tecnologias avançadas e melhores práticas de gestão, incluindo sistemas de ventilação, controle de umidade e monitoramento de temperatura.

Essas medidas não apenas ajudam a preservar a qualidade dos grãos durante o armazenamento, mas também reduzem o risco de perdas devido a fatores como pragas, umidade excessiva ou deterioração.

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