Preços dos fertilizantes estão 53% mais caros e pressionam agricultores em Mato Grosso

O impacto no aumento dos preços dos fertilizantes não será sentido apenas pelo produtor rural, mas também vai afetar o consumidor final no Brasil.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 29/05/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Os agricultores de Mato Grosso estão enfrentando o desafio da alta dos preços dos fertilizantes importados, que continuam a elevar os custos de produção. Segundo análise das Comissões de Política Agrícola e Defesa Agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), os insumos estão, em média, 53% mais caros do que os níveis pré-pandemia.

O fertilizante que mais sofreu aumento foi o MAP (fosfato monoamônico), cujo preço subiu 91% entre março de 2020 e março de 2024, passando de R$ 2.023 para R$ 3.855 por tonelada. Outros fertilizantes também registraram aumentos significativos: NPK (61%), SSP (superfosfato simples) (47%), ureia (44%) e KCL (cloreto de potássio) (22%).

Apesar de uma queda nos preços em relação aos picos de 2022, a alta contínua tem levado à redução das importações desses produtos. No primeiro trimestre de 2024, Mato Grosso importou cerca de 1 milhão de toneladas de KCL, 287 mil toneladas de ureia, 337 mil toneladas de SSP e 76 mil toneladas de MAP.

Os principais fornecedores de fertilizantes para Mato Grosso são a Rússia (23,3%), Canadá (23,12%) e China (13%). Israel também se destaca, fornecendo 12% do cloreto de potássio, e o Egito, responsável por 55% do superfosfato simples importado.

O Brasil, um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo, importa cerca de 80% desses insumos, produzindo apenas 20% internamente. A concentração da produção global de fertilizantes em seis países (China, Rússia, Estados Unidos, Bielorrússia, Canadá e Marrocos) agrava a dependência do mercado internacional e a exposição a flutuações de preços.

Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar e o aumento da taxa Selic, que subiu de 2% em março de 2021 para 13,75% em setembro de 2022, contribuíram para o encarecimento dos fertilizantes. Embora o cenário tenha começado a melhorar em 2023 com a queda do dólar e da inflação, os preços ainda estão elevados comparados ao período pré-pandemia.

Pedro Dias, presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH), apresentou soluções inovadoras durante um painel sobre o tema no XII Seminário de Energia, realizado nos dias 21 e 22 de maio, na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt). Ele destacou o potencial do uso de tecnologias chinesas e americanas para a produção de fertilizantes a partir de hidrogênio verde e energia hidráulica barata. Empresas desses países estão interessadas em se instalar no Paraguai, onde a energia de Itaipu é mais barata, para produzir amônia e vender fertilizantes para o Brasil.

“Mato Grosso é um grande consumidor de fertilizantes. Reduzir o custo logístico e utilizar energia hidráulica competitiva pode tornar a produção local de fertilizantes viável. O Paraná também está explorando essa possibilidade. Se tivermos energia a um custo acessível, esse modelo é sustentável”, explicou Dias.

Outra proposta de Dias foi a reativação de cerca de 5 mil usinas hidrelétricas desativadas no Brasil, que foram desligadas devido ao baixo custo da energia de Itaipu. Ele argumenta que religar essas usinas pode aliviar a pressão sobre o sistema elétrico de forma econômica e ambientalmente sustentável.

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