Os preços do café mostraram valorização em setembro, aponta relatório divulgado pelo Rabobank. O café arábica atingiu uma média de R$ 1.459 por saca, alta de 49% em relação ao ano anterior, enquanto o conilon alcançou R$ 1.497, com um crescimento de 87% em relação ao ano anterior, superando os preços do arábica, algo visto apenas em 2016, quando o país sofreu uma quebra de safra de café conilon.
“Um efeito dessas mudanças de preço é que as torrefadoras locais devem aumentar significativamente o uso de arábica em seus blends”, aponta o Rabobank.
Segundo os analistas, em termos de custos de produção, a relação de troca melhorou para os produtores de café em outubro. Atualmente, é necessária 1,6 saca de café para adquirir uma tonelada de fertilizante, representando uma queda de 3,5% em relação ao mês anterior e de 45% em relação ao ano passado. Embora os preços da ureia tenham aumentado devido a tensões geopolíticas, os preços do cloreto de potássio caíram, favorecendo a adubação.
Apesar dos fatores altistas, o potencial adiamento em 12 meses para a implementação da leiantidesmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês) e a volta das chuvas no Brasil podem limitar os preços do café.
No entanto, o cenário atual de preocupações relacionadas aos conflitos no Mar Vermelho, às próximas colheitas brasileira e vietnamita, dadas as adversidades climáticas, e à oferta global apertada ainda são fatores que sustentam os preços da commodity, pontua o relatório.
Exportações
Segundo o Rabobank, o Brasil exportou 4,5 milhões de sacas de café de 60 quilogramas no mês de setembro, um valor recorde para o mês. No acumulado do ano de janeiro a setembro, os embarques somaram 36,4 milhões de sacas, um crescimento de 39% em relação ao mesmo período do ano passado.
O Rabobank pontua ainda que, apesar dos resultados registrados em setembro, é necessário monitorar os efeitos da seca para a próxima safra. Além disso, problemas logísticos enfrentados pelo setor, como a falta de espaço em portos e uma maior demanda por contêineres, apresentariam gargalos ao escoamento da produção, e o país teria deixado de exportar cerca de 2 milhões de sacas.