A expectativa de aumento de área plantada com milho nos EUA neste ano jogou pressão de baixa sobre as cotações na bolsa de Chicago. Nesta terça-feira (25/2), os papéis para maio fecharam a sessão em queda de 0,55%, a US$ 4,9425 o bushel.
Diante do atual patamar de preço, está mais vantajoso para o produtor americano aumentar a área destinada ao milho na safra 2025/26. Sob essa constatação, analistas esperam que o Departamento de Agricultura dos EUA indique uma área de 37,64 milhões de hectares para o novo ciclo durante o Outlook Forum, evento anual que traz as primeiras projeções para a temporada.
Na safra 2024/25, a área destinada ao milho nos EUA foi de 36,42 milhões de hectares. Mas para Ênio Fernandes, analista da Terra Agronegócios, o número pode saltar para 38,45 milhões de hectares.
“O produtor americano tem muito mais afeto para plantar milho do que a soja. O cereal tem um mercado interno muito mais movimentado, com o uso do etanol e a proteína animal contratando bastante demanda, além das exportações aquecidas. Por isso vemos uma área plantada acima das expectativas do mercado”, ressalta.
Ele também credita a baixa de hoje a um movimento técnico dos investidores. “Da semana passada até agora, o milho caiu mais de 20 cents na bolsa, porque os fundos estavam muito comprados [apostando na alta dos preços] e agora estão realizando lucro. Esse é um movimento puramente estratégico dos fundos”.
Soja
O preço da soja não encontra espaço para altas expressivas na bolsa de Chicago, enquanto o mercado enxerga um bom volume de safra no Brasil. Os contratos da oleaginosa para maio fecharam em alta de 0,12%, a US$ 10,4875 o bushel.
“Tivemos um plantio muito concentrado no Brasil, logo, a colheita também será da mesma maneira. Até a primeira quinzena de março teremos um volume muito grande de safra entrando no mercado, e isso deve impactar em preços mais baixos”, afirma Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, acrescentando que a safra brasileira poderá atingir 167 milhões de toneladas no ciclo 2024/25.
Corroborando a tese de queda para a soja, ele acrescenta que houve o retorno das chuvas em importantes áreas produtoras da Argentina. Esse quadro de clima, reforça o analista, deve estancar as perdas esperadas para a produção, e pode manter as cotações em torno dos US$ 10,50 o bushel no curto prazo.
Por fim, Fernandes comenta que as atenções dos investidores estarão sobre a safra da América do Sul até a primeira quinzena de março. Depois desse período, o foco passa a ser a produção nos EUA para o ciclo 2025/26, onde há a expectativa de redução de área plantada com soja.
Trigo
O trigo seguiu depreciado na bolsa americana em meio às perspectivas de boa oferta para o cereal. Os contratos para maio fecharam em queda de 0,97%, para US$ 5,8775 o bushel.
Boletim da T&F Consultoria Agroeconômica destaca que os preços caíram com investidores ajustando posições à espera do Outlook Forum, evento anual do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) que trará as primeiras estimativas para a safra no país no ciclo 2025/26. A expectativa é para aumento da produção e dos estoques finais.
A consultoria também pontua que as preocupações com a onda de frio em áreas dos EUA e Rússia está diminuindo, reduzindo o prêmio climático embutido no preço em Chicago.