Preço do etanol deverá seguir competitivo, mesmo com possível alta

Alta no ICMS da gasolina e pressão do petróleo favorecem uma alta do biocombustível, mas oferta está confortável e deve atender consumo, segundo analistas.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 16/01/2025 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

O mercado de combustíveis enfrenta pressões de alta no país, o que pode encarecer o etanol hidratado. Ainda assim, o cenário de oferta do biocombustível deve garantir que os preços do renovável fiquem mais competitivos do que a gasolina até o fim da entressafra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul.

A primeira fonte de pressão vem do lado tributário. A partir de 1 de fevereiro, o ICMS sobre a gasolina subirá R$ 0,10 o litro, a R$ 1,47 o litro. Esse ajuste já dá ao preço do etanol mais margem de correção sem que ele tenha perda de competitividade, avalia Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol Bioagência.

Além disso, o petróleo disparou após os Estados Unidos anunciarem novas sanções às empresas de petróleo da Rússia, os principais fornecedores externos do Brasil. Em uma semana, os contratos do Brent para março subiram 8,3%, aumentando a defasagem dos preços de derivados da Petrobras em relação ao mercado internacional.

Ontem, a diferença estava em R$ 0,42 o litro na gasolina, segundo a agência de preços Argus. Se a Petrobras repassar algo ao mercado interno, haverá mais espaço para o preço do etanol subir sem que o biocombustível perca mercado, segundo Amance Boutin, especialista da Argus.

O biocombustível já se manteve competitivo em toda a safra 2024/25, quando a equivalência em relação à gasolina oscilou na faixa entre 61% e 67% em São Paulo — abaixo, portanto, do patamar de 70% em que ambos se equivalem em rendimento, para a média da frota flex brasileira.

Apesar da quebra da safra de cana, a produção do etanol ficou estável por causa do aumento da produção das indústrias que processam milho, que não têm entressafra. Desde a última semana de outubro, quando as indústrias de cana do Centro-Sul começaram a parar, os preços do etanol subiram 5,2% nas usinas paulistas, segundo dados do Cepea/Esalq.

Os preços do etanol hidratado pagos pelos motoristas dos carros flex oscilaram menos: do início de novembro até a semana passada (até 11 de janeiro), o valor do litro nos postos de São Paulo subiu 2,3%, para R$ 3,96, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP). Nesse preço, o biocombustível correspondeu a 67% do valor da gasolina.

Segundo Rodrigues, da Bioagência, o mercado de etanol está equilibrado. Em 31 de dezembro, as usinas do Centro-Sul tinham 5,2 bilhões de litros de etanol hidratado em seus estoques, segundo dados do Ministério da Agricultura, o que daria para atender um consumo mensal médio de 1,73 bilhão de litros até março.

Em dezembro, as usinas do Centro-Sul venderam 1,77 bilhão de litros de hidratado. No entanto, o número real do consumo nos postos pode ser até um pouco maior, já que as distribuidoras também tinham estoques próprios que foram colocados à venda, segundo Rodrigues.

O analista estima que a correlação entre o preço do etanol e o da gasolina pode se estreitar, mas não muito, alcançando 68,5% ou 69% até o fim da entressafra. “Só vai romper a paridade de 70% se houver um atraso muito grande na [próxima] safra”, disse. Para ele, um aumento forte dos preços do etanol antes faria o consumidor migrar para a gasolina. “Depois para voltar [ao etanol] é complexo”, afirmou.

Globo Rural

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