Sem indicação de melhora para o clima em áreas produtoras de café do Brasil, e principalmente do Vietnã, os preços seguiram em disparada na bolsa de Nova York. Nesta terça-feira (9/7), os papéis para setembro, os mais negociados, fecharam em alta de 6,63%, para US$ 2,4995 a libra-peso.
“A recuperação do quadro de seca para as lavouras do Vietnã não está acontecendo no período de chuvas. Com isso, o mercado está precificando a falta de oferta para este ano, já que no início da colheita no Vietnã, em novembro, não é esperado grandes volumes de produção”, diz Antônio Pancieri Neto, da Clonal Corretora de Café.
Essa condição de clima adverso no maior produtor de café robusta do mundo, o Vietnã, coloca em xeque as previsões do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que espera uma colheita de 29 milhões de sacas em 2024/25, enquanto consultorias locais estimam até 20 milhões.
O efeito do robusta em Nova York
Vicente Zotti, sócio da Pine Agronegócios, afirma que o pilar para as altas do café arábica é a valorização expressiva do robusta na bolsa de Londres. Nesta terça, os papéis futuros avançaram 6,58% em Londres, para um preço de US$ 4.634 a tonelada.
Zotti explica que a correlação de preço entre o café robusta e o arábica encontra-se atualmente em cerca de 80%, quando o normal é ficar na casa dos 60%. Quanto mais próxima de 100% essa correlação, menor a competitividade do café robusta, elevando a demanda pelo arábica.
“Robusta está caro e ele que é hoje o fator de alta para o arábica. Se essa correção não ocorrer, pode chegar uma hora que, para os blends, deixa de fazer sentido pagar mais caro pelo robusta comparado a um arábica de qualidade commodity”, detalha o sócio da Pine.
Clima no Brasil
Para o Brasil, o cenário também não é favorável no quesito clima. Segundo Antônio Pancieri Neto, no Espírito Santo, maior produtor de conilon do Brasil, as floradas precoces podem prejudicar o desenvolvimento para a próxima safra. As áreas de arábica do país também estão com cenário adverso, segundo o corretor.
“A baixa umidade do solo no cinturão cafeeiro do arábica é uma preocupação a mais para o mercado. Não há previsão de chuva nos próximos 60 dias, e as temperaturas estão acima do normal”, destaca.
Já para Vicente Zotti, da Pine, as condições são benéficas para a produção no Brasil. Até mesmo a frente fria desta semana, pois ajuda a evitar a florada dos cafezais em período de seca.
Cacau
O ímpeto de alta para os preços do cacau se fez presente na sessão desta terça na bolsa de Nova York. Os contratos para setembro subiram expressivos 5,78%, cotados a US$ 8.105 a tonelada.
A crise na oferta de cacau no maior produtor do mundo, a Costa do Marfim, ainda mantém as cotações em patamares elevados.
Desde o início da temporada, em 1º de outubro até 7 de julho, o volume total de cacau entregue nos portos do país chegou a 1,612 milhões de toneladas, uma redução de 27,5% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pelo site Mercado do Cacau.
“A redução na chegada de cacau pode impactar significativamente o mercado global. A Costa do Marfim é um dos principais fornecedores de cacau, e uma diminuição na oferta pode elevar os preços internacionais do produto, afetando a indústria do chocolate e os consumidores finais”, destaca a publicação.
Suco de laranja
O suco de laranja também subiu de maneira expressiva na bolsa. Os contratos para setembro fecharam em forte alta, de 4,37%, para US$ 4,4770 por libra-peso.
Açúcar
Na contramão das altas, o açúcar demerara fechou o dia em forte queda na bolsa. Os papéis para outubro caíram 2,53%, a 19,62 centavos de dólar por libra-peso.
Algodão
Por fim, nos negócios do algodão, os lotes para setembro caíram 0,70%, a 70,55 centavos de dólar por libra-peso.