Petrobras quer usar gás da Bolívia e retomar operações de fertilizantes

Saiba como a Petrobras está trabalhando para reduzir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados e impulsionar o agronegócio.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 24/07/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Petrobras nomeou Magda Chambriard como sua nova diretora, com a tarefa estratégica de diminuir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados.

Atualmente, o Brasil lidera a lista de importadores globais de fertilizantes e ocupa a quarta posição entre os maiores consumidores desses insumos.

Em 2023, a importação brasileira representou 86% do total consumido, com 39,4 milhões de toneladas importadas contra apenas 6,8 milhões de toneladas produzidas nacionalmente, conforme dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

A vulnerabilidade decorrente dessa dependência externa foi evidenciada com o conflito entre Rússia e Ucrânia, que impactou diretamente os preços globais de fertilizantes, trazendo insegurança para o setor agrícola do Brasil.

Em resposta, uma das principais medidas adotadas sob a nova gestão foi o investimento em gás natural da Bolívia, recurso crucial para a fabricação de fertilizantes nitrogenados, como amônia e ureia.

Uma das primeiras ações concretizadas pela gestão de Chambriard foi a autorização para a retomada das operações da fábrica de fertilizantes nitrogenados Araucária Nitrogenados S.A (Ansa), no Paraná, que estava inativa desde 2020 e planeja retomar suas atividades no segundo semestre de 2025.

A Ansa possui capacidade anual de produção de 720 mil toneladas de ureia e 475 mil toneladas de amônia.

Além disso, está em curso a revitalização da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III) em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Esta unidade, cuja construção começou em 2011 e está 81% completa, foi paralisada em 2014.

A UFN-III tem potencial para produzir anualmente 1,3 milhão de toneladas de ureia e 800 mil toneladas de amônia, representando quase 50% da produção nacional atual de fertilizantes.

A Petrobras também está focada na exploração de gás natural na Bolívia para suportar estas operações. As instalações da Ansa e da UFN-III estão conectadas ao Gasbol, um gasoduto que percorre 557 km desde Rio Grande, na Bolívia, até a fronteira do Brasil, passando por 136 municípios em cinco estados.

Durante uma visita recente à Bolívia, Chambriard anunciou um investimento de R$ 40 milhões para perfuração de um novo poço na área de San Telmo Norte em 2025, que possui um alto potencial de produção de gás natural.

Paralelamente, a Petrobras enfrenta desafios em ativos no Nordeste do Brasil, especialmente nas fábricas de fertilizantes em Camaçari, Bahia, e Laranjeiras, Sergipe, arrendadas para a Unigel.

Após a suspensão de um contrato de retomada de operações devido a um parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre possíveis prejuízos à Petrobras, a Unigel havia interrompido suas operações nas unidades em março, citando os elevados custos do gás.

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