SÃO PAULO (Reuters) – Os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais, conhecidos como Fiagros, tiveram uma disparada de 387% em seu patrimônio líquido no intervalo de um ano, até dezembro de 2022, alcançando os atuais 7,8 bilhões de reais, mostrou um estudo da XP antecipado à Reuters nesta terça-feira.
Segundo o levantamento, que considera fundos listados e cetipados, em menos de dois anos desde seu surgimento o Fiagro aumentou quase cinco vezes de tamanho, amparado pela credibilidade do setor agropecuário entre os investidores.
“O ano passado foi desafiador para a indústria de fundos como um todo. Porém, mesmo com os obstáculos, os Fiagros conseguiram aproveitar a alta na taxa de juros e entregar bons rendimentos”, afirmou em nota o analista de fundos de investimentos da XP e responsável pelo estudo de Fiagros, Daniel Chinzarian.
“Houve captação de ofertas inéditas e o mapeamento de novas oportunidades de alocação, sobretudo por se tratar de um setor resiliente e que oferece oportunidades constantes”, acrescentou.
O ano passado bateu o recorde de ofertas de fundos voltados para o agronegócio, totalizando 24 ofertas e 6,6 bilhões de reais captados –um aproveitamento de 58% dos 11,4 bilhões de reais ofertados–, de acordo com a análise.
Ao todo, a indústria de Fiagros conta com 31 Fiagros-FII listados, 3 Fiagros-FII cetipados e 2 Fiagro-FIDC listados, além de outros 2 fundos em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assim como fundos imobiliários, investidores pessoas físicas de Fiagro são isentos de imposto de renda sobre rendimentos, desde que o fundo possua, no mínimo, 50 cotistas e seja negociado exclusivamente em bolsa.
Citando dados da Quantum, a XP Asset destacou que é líder de mercado tanto em coordenação de ofertas, com mais de 5,5 bilhões de reais ofertados, quanto na gestão dos ativos, somando um patrimônio líquido de mais de 1,1 bilhão de reais.
A maior demanda por crédito agrícola em 2022/23 tem levado produtores e companhias do setor no Brasil a ir além de fontes como bancos públicos e privados para avançar cada vez mais em financiamento via emissões no mercado de capitais, conforme reportagem da Reuters.
Neste contexto, o Fiagro está entre as principais opções tanto das empresas do segmento agrícola, quanto dos investidores.
“O agronegócio é responsável por mais de 25% do PIB brasileiro e os Fiagros são uma maneira de democratizar o acesso ao setor para investidores em geral”, disse o sócio e responsável pelo setor do agronegócio no Investment Banking da XP, Pedro Freitas.
“Os Fiagros são veículos que permitem que um maior número de empresas acesse o mercado de capitais, em um setor com elevada demanda por recursos. O resultado é um fluxo cada vez maior de dinheiro, que viabiliza novos negócios e oportunidades.”
Vale lembrar que na última semana o colegiado da CVM aprovou dois acordos de cooperação técnica que visam o desenvolvimento do agronegócio no mercado de capitais, um em parceria com o Instituto Pensar Agropecuária (IPA) e o outro junto ao Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA).
O conselho de exportadores de café Cecafé, que participou do encontro em que o acordo da CVM foi firmado com as entidades do agro, disse na ocasião que a agropecuária precisa de cerca de 1 trilhão de reais por safra para se financiar e o mercado de capitais tem espaço para suprir aproximadamente 600 bilhões de reais.