Depois de uma experiência que tem se mostrado positiva com a captação de recursos em seu primeiro Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agro (Fiagro), o Paraná pretende lançar “mais quatro ou cinco” fundos da mesma modalidade, disse ontem o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). O objetivo do governo estadual é destinar os recursos para o agronegócio paranaense.
Em entrevista ao Valor, o governador afirmou que o Fiagro que o Estado lançou em dezembro já conta com provisões que somam de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões. “Estamos indo para a bolsa (B3) agora, no fim de março, início de abril, para consolidar essa captação”, disse.
O governo paranaense alocou R$ 250 milhões no fundo com o intuito de subsidiar parte do custo dos juros, que ficarão em torno de 9% ao ano. “Estamos tendo até excesso de procura dos investidores. Como o juro é mais barato do que o do próprio Plano Safra, ele passa a ser mais atrativo”, afirmou o governador.
De acordo com Ratinho Jr, os recursos da captação serão destinados ao agronegócio, para áreas como infraestrutura de armazenagem, irrigação, equipamentos para produção de energia solar, biogás e também tratores e caminhões. O objetivo do Fiagro é dar aos produtores rurais do Estado uma alternativa às linhas de crédito do Plano Safra.
Apesar da perspectiva favorável para os Fiagros do Paraná, o governador admitiu que o cenário geral do mercado de crédito para o agronegócio é adverso e preocupa, uma vez que cresceram a inadimplência e as recuperações judiciais no campo. “[Esse quadro] gera temor porque a agricultura é muito feita desse crédito colocado, em especial pelo Banco do Brasil, pela Caixa, pelos programas [de incentivo] do governo”, destacou, mencionando a dependência que há de recursos do Plano Safra.
Segundo ele, mesmo com três safras “ruins” de grãos no Paraná, consequência do clima adverso, o que faz com que os produtores do Estado sofram menos do ponto de vista financeiro é a força do sistema cooperativista. “Isso acaba, de alguma maneira, criando mecanismos (de auxílio) aos produtores, além daquilo que o poder público e as instituições financeiras colocam”, avaliou.
Questionado sobre os esforços do governo federal para reduzir os preços dos alimentos, que incluem a estratégia de zerar tarifas de importação, Ratinho Jr afirmou que torce para que as ações deem certo, mas disse não ver “lógica de que isso vá baratear”.
“A gente vai importar aquilo que produz em excesso?”, questionou o governador, citando que o que poderia, de fato, reduzir os preços dos alimentos é ter o câmbio em patamar controlado.