La Niña confirmado. O que isso significa para o Brasil?

Fenômeno está associado ao risco de seca no Sul do Brasil

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 10/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

O fenômeno climático La Niña, caracterizado pelo esfriamento das águas do Oceano Pacífico, está de volta e deve durar entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026, informou nesta quinta-feira (9/10) o Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos.

A ocorrência do fenômeno está associada ao risco de seca em regiões produtoras de grãos no Brasil e na Argentina. Porém, o fenômeno não deve ser forte, de modo que seus impactos podem ser limitados.

“As condições de La Niña surgiram em setembro de 2025, conforme indicado pela expansão das temperaturas da superfície do mar (TSM) abaixo da média no Pacífico equatorial central e oriental. O valor mais recente do índice Niño-3.4 foi de -0,5°C, com outras regiões variando entre -0,1°C e -0,4°C”, informou o órgão.

O comunicado pondera que, neste momento, espera-se por um La Niña fraco. “Um La Niña fraco tem menor probabilidade de causar os impactos típicos do inverno (no Hemisfério Norte), embora sinais previsíveis ainda possam influenciar as orientações de previsão”, completou o Centro de Previsão Climática.

O que muda com o La Niña?

No Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem ser os Estados mais afetados pela mudança no padrão de chuva segundo Gilvan Sampaio, pesquisador e meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Haverá uma redução das chuvas, e os agricultores devem se preparar para minimizar as consequências”, explica o especialista.

Para Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, há potenciais problemas para os grãos. “O La Niña tende a causar períodos de estiagem no Sul entre dezembro, janeiro e início de fevereiro”, diz. “Desde 2021/22 eles (produtores gaúchos) têm perdas atrás de perdas”, acrescenta.

Entre 2021 e 2023, o Rio Grande do Sul foi o Estado que mais sofreu com o La Niña, com três estiagens seguidas durante as safras.

Entre outras culturas, as frutas produzidas no eixo Sul e Sudeste podem ser prejudicadas, segundo Eduardo Assad, pesquisador e professor do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro). “Em São Paulo, já há o greening [doença que afeta a citricultura] como um aspecto negativo para a laranja. Se houver deficiência hídrica associada a um aumento na temperatura, pode ser outro aspecto negativo. O La Niña pode favorecer isso”, afirma Assad.

Na pecuária bovina, o fenômeno pode ter efeito positivo, já que as chuvas acima do normal nos meses de outubro e novembro em algumas das principais áreas de cria de bezerros do Brasil, como Mato Grosso do Sul e Tocantins, podem resultar em uma melhora nas condições das pastagens que alimentam o gado. Isso tende a estimular a retenção de fêmeas por parte dos pecuaristas, segundo João Figueiredo, analista da Datagro Pecuária.

O que é o La Niña?

O período de La Niña é caracterizado por uma anomalia negativa na temperatura de 0,5 °C ou menos nas águas superficiais de partes central e leste do Pacífico Equatorial, que deve se manter por, pelo menos, cinco trimestres consecutivos para ser oficializado. A variação positiva indica El Niño.

Há diversas teorias sobre o que está por trás dessas anomalias, mas não há um consenso na comunidade científica para justificar estes ciclos. O que se sabe são os efeitos dos fenômenos no clima.

Por regra, durante o La Niña, as chuvas diminuem na região Sul e aumentam no Norte e Nordeste. Já no Sudeste e no Centro-Oeste, há riscos de períodos frios, com as temperaturas abaixo da média histórica. Foi assim na última vez em que ficou ativo, entre 2020 e 2023, explica Patrícia Cassoli, meteorologista da Climatempo.

Globo Rural

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