De acordo com dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), nas últimas duas décadas, a produção nacional de fertilizantes cresceu menos de duas vezes, enquanto a importação se multiplicou por três. E o problema ainda está longe de ser resolvido. Dados do Comex mostram que nos primeiros oito meses deste ano, o volume de importação foi de cerca de 27,17 milhões de toneladas, recorde para o período.
O Brasil, o quarto maior produtor agrícola do mundo, enfrenta um paradoxo: enquanto nossa capacidade de produção de alimentos é robusta, sustentando a pauta de exportações, a vulnerabilidade frente à enorme dependência externa de fertilizantes compromete essa força.
Exemplo: um quarto da importação de fertilizantes vem da Rússia. Como o país vive em situação de guerra, o agro brasileiro tem mais uma preocupação com que lidar. Aliás, para se ter ideia, em 2022, o Brasil foi o maior importador de fertilizantes do mundo.
As flutuações nos preços internacionais, as crises geopolíticas e as barreiras comerciais podem afetar diretamente o custo e a disponibilidade de fertilizantes no país. Para uma nação que depende fortemente da agricultura para sustentar sua economia (quase 1/4 do PIB) e alimentar sua população, essa vulnerabilidade deve ser tratada como prioridade na agenda pública.
A vulnerabilidade externa excessiva à importação de fertilizantes deixa os custos de produção do agro sujeitos a grandes oscilações, comprometendo a competitividade nacional. Incentivos à tecnologia e à produção nacional precisam estar de forma permanente na agenda.