A logística em Mato Grosso é considerada um ponto preocupante para o setor produtivo, que ainda enfrenta desafios com a armazenagem e custos de produção elevados. Estimativas apontam que até 2032 o estado tenha uma produção de aproximadamente 115 milhões de toneladas em grãos que precisam ser escoados, conforme o Movimento Pró-Logística. As ferrovias são vistas como alternativa importante.
A logística em Mato Grosso foi tema do segundo painel do Fórum Técnico Mais Milho realizado em Cuiabá na tarde desta segunda-feira (19). Mediado pelo diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, o debate contou com a presença do vice-presidente de Relações Institucionais da Rumo, Guilherme Penin, do diretor técnico da ANTT, André Luiz Ludolfo, e do superintendente de projetos ferroviários da Infra S.A., Diógenes Alvarez.
De acordo com Edeo Vaz, a saída do papel da Ferrogrão para Mato Grosso é uma grande expectativa, uma vez que a ferrovia deverá ser uma balizadora dos fretes no estado.
No dia 31 de maio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a retomadas dos estudos e processos administrativos que podem viabilizar a Ferrogrão. O ministro deferiu ainda o pedido da Advocacia Geral da União (AGU) para que no prazo de 60 dias apresente sugestões para solução da controvérsia.
Diógenes Alvarez declarou que a Infra S.A. já está em conversa com o Ministério dos Transportes no sentido de diagnosticar os estudos que hoje se encontram dentro do Tribunal de Contas da União (TCU).
“São estudos que hoje se encontram defasados. Pós pandemia os valores associados aos insumos basicamente subiram demais e hoje os investimentos que estão previstos dentro do projeto não refletem a sua realidade. Uma revisão de demanda afeta todo o projeto. Estamos aguardando uma autorização do Ministério para começar este trabalho”, disse o superintendente de projetos ferroviários da Infra S.A..
O diretor técnico da ANTT, André Luiz Ludolfo, salientou que os estudos da Ferrogrão estão sendo capitaneados à quatro mãos.
“A partir do momento em que nós temos a autorização do Ministério para continuar a atualização dos estudos, nós vamos revisitar os estudos e oportunamente nós submeteremos para o TUC, o que significa que não temos um prazo para que isso aconteça”.
Ferrovias são essenciais para o escoamento da produção
Segundo o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, estima-se que dos 115 milhões de toneladas projetados a serem colhidos em Mato Grosso daqui dez anos, 40 milhões de toneladas tenham como destino o Porto de Santos, outros 40 milhões via Porto de Miritituba (PA), além de 20 milhões de toneladas através de Porto Velho (RO) e 15 milhões via Fico, que liga Mara Rosa (GO) a Água Boa (MT), como rota de saída.
“Então, precisamos de todas as ferrovias. Nós temos carga para todo mundo”, salientou Edeon Vaz.
Conforme o vice-presidente de Relações Institucionais da Rumo, Guilherme Penin, a empresa espera que haja uma continuidade do processo de consolidação da expansão tanto da produtividade por hectare quanto da área plantada e que o ciclo sustentável de aumento dos volumes de produção prossiga.
“Nós sempre estudamos todas as alternativas na ótica reais investidos por capacidade de tonelada gerada e o projeto que pareceu fazer mais sentido é aquele pelo qual nós optamos por investir, que é a extensão da Ferronorte. São várias as razões. Primeiro porque a solução portuária é mais simples, segundo porque o mercado que absorve cada vez mais volume, que é o asiático, está mais perto do Porto de Santos e terceiro porque a medida em que você vai subindo você vai prestando serviço”, falou ao destacar as obras da Ferrovia Estadual entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde.