As exportações brasileiras de café somaram 3,58 milhões de sacas de 60 quilos em novembro, o que representou uma queda de 26,7% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Os dados fazem parte do relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta terça-feira (9/12).
Em receita cambial, houve incremento de 8,9% no mesmo intervalo comparativo, para US$ 1,535 bilhão. Em reais, o avanço foi de 0,2%, para R$ 8,198 bilhões.
O preço do café brasileiro exportado em novembro atingiu o valor médio de US$ 428,55 por saca de 60 quilos, o que representa uma valorização de 48,68% em relação ao mesmo mês de 2024.
Com isso, o Brasil atinge 17,43 milhões de sacas exportadas nos cinco primeiros meses do ano safra 2025/26, queda de 21,7% em relação ao mesmo período da safra anterior. Em valor, houve crescimento de 11,6%, para US$ 6,723 bilhões.
No acumulado dos 11 primeiros meses de 2025, o Brasil exportou 36,87 milhões de sacas de café, queda de 21% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. A receita cambial, por sua vez, cresceu 25,3%, para US$ 14,253 bilhões.
“A maior entrada de dólares com os embarques de café do Brasil em novembro, na safra e no acumulado de 2025 reflete as cotações mais elevadas no mercado, com preços médios cerca de 50% superiores aos mesmos períodos antecedentes”, afirmou em relatório o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira. Ele acrescentou que a queda no volume era esperada após os números recordes em 2024 e devido à menor disponibilidade do produto neste ano.
Além disso, observou Ferreira, o impacto gerado pelos quase quatro meses de tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os cafés do Brasil e a dificuldade para embarcar devido à defasagem da infraestrutura portuária no país afetaram o desempenho do setor.
De agosto a novembro, período de vigência do tarifaço americano, as exportações dos cafés brasileiros aos EUA caíram 54,9% na comparação com o mesmo período de 2024, para 1,31 milhão de sacas.
“Após a retirada do tarifaço sobre os cafés arábica, conilon, robusta, torrado e torrado e moído, observamos a retomada dos negócios entre Brasil e EUA, o que implica que deveremos observar melhoras nos números a partir deste mês de dezembro”, comentou Ferreira. Ele ponderou, no entanto, que o café solúvel, que representa 10% das exportações aos americanos, continua sujeito à tarifa de 50%.
A defasagem na infraestrutura dos portos e os gargalos logísticos causaram prejuízo de R$ 8,72 milhões em outubro, devido à impossibilidade de embarcar 2.065 contêineres — 681.590 sacas – do produto.
Isso se deu porque 52% dos navios, ou 204 de um total de 393 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas, segundo o Boletim DTZ, elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Conselho.
Destinos e portos
Apesar da queda causada pelo tarifaço, os Estados Unidos seguem sendo o principal destino dos cafés do Brasil no acumulado do ano, com importação de 5,04 milhões de sacas, queda de 32,2% na comparação com os 11 primeiros meses de 2024. Esse volume corresponde a 13,7% dos embarques totais este ano.
Em segundo lugar está a Alemanha, com importação de 5 milhões de sacas e queda de 31% em relação ao mesmo período do ano passado; Itália, com 2,91 milhões de sacas (queda de 21,7%); Japão, com 2,41 milhões de sacas (aumento de 17,5%); e Bélgica, com 2,15 milhões de sacas (queda de 47,5%).
O Porto de Santos continua sendo o principal exportador dos cafés do Brasil, com o envio de 29,06 milhões de sacas ao exterior, ou 78,8% do volume embarcado até novembro.
Na sequência, aparecem o complexo portuário do Rio de Janeiro, que responde por 17,5% (6,469 milhões de sacas), e o Porto de Paranaguá, com 0,9% (343.974 sacas).
Tipos de café
No mês passado, as exportações de café arábica tiveram queda de 18,3%, para 3,02 milhões de sacas. No acumulado de janeiro a novembro, os embarques do café arábica encolheram 13,1%, chegando a 29,63 milhões de sacas. O preço médio do café arábica no período foi de US$ 455,85 por saca.
Os embarques de café canéfora (conilon + robusta) em novembro tiveram retração de 67,9%, para 259,3 mil sacas. As exportações de café robusta no acumulado do ano tiveram queda de 57,1%, para 3,77 milhões de sacas. O preço do café robusta atingiu média de US$ 262,77 a saca.
Já as vendas externas de café solúvel recuaram 21,6% em novembro, para 292,9 mil sacas. No ano, as exportações de café solúvel acumulam queda de 7,9%, para 3,41 milhões de sacas. O valor médio do café solúvel foi de US$ 289,11 por saca.
Já os embarques de café torrado e moído recuaram 32,7%, para 4.264 sacas.
Os cafés que têm certificados de práticas sustentáveis, qualidade superior ou especiais responderam por 19,6% das exportações brasileiras no acumulado do ano, com a remessa de 7,22 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 11% inferior ao registrado em igual intervalo de 2024.
A um preço médio de US$ 432,41 por saca, a receita cambial com os embarques dos cafés diferenciados foi de US$ 3,122 bilhões, o que corresponde a 21,9% do total obtido com os embarques de cafés no ano. Na comparação com o mesmo intervalo de 2024, o valor é 42,9% superior.
Os Estados Unidos também lideram o ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados, com a compra de 1,19 milhão de sacas no acumulado de 2025, ou 16,5% do total exportado. Em seguida estão com 1,111 milhão de sacas, Bélgica (729.675 sacas), Holanda (691.008 sacas) e Itália (416.948 sacas).
