O impacto dos eventos climáticos relacionados ao El Niño já é sentido na agricultura do Paraná. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, as perdas financeiras provocadas pelas chuvas torrenciais, temperaturas altas e fortes ventos chegam a um valor preliminar de R$ 2,5 bilhões.
O maior prejuízo coube aos triticultores do estado, que estavam colhendo a safra 2022/23.
A produção recuou praticamente 980 mil toneladas em relação ao potencial, gerando ao menos 420 mil toneladas de trigo que serão destinadas a ração.
Considerando os fatores quantidade e qualidade, as perdas dessa cultura se aproximam de R$ 1 bilhão.
Em outras culturas de inverno, especialmente a cevada, também houve redução. Nessa, os prejuízos podem somar R$ 200 milhões.
Na safra 2023/24, as maiores perdas monetárias foram observadas entre os produtores de fumo do estado, com prejuízo projetado em quase R$ 560 milhões, perdendo 31 mil toneladas do produto.
Outras culturas da safra de verão que estão em término de plantio já registraram prejuízo estimado em R$ 750 milhões. Mas como a safra ainda está no início, os valores são preliminares.
Além desses prejuízos, produtores precisaram replantar algumas áreas, o que encareceu ainda mais o trato, visto que nessas culturas mais de um terço dos custos estão relacionados às sementes e à adubação de base.
As temperaturas mais altas favoreceram a produção recorde de 14 milhões de toneladas de milho de segunda safra, que foi colhido antes das chuvas fortes.
O El Niño é um evento climático resultante do aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Na região Sul do país, a tendência é a intensificação de chuvas, superiores às médias históricas. Ele ocorre a cada cinco ou sete anos e sua duração é de aproximadamente um ano e meio.
Na safra 2015/2016 houve condição similar à deste ano e a agricultura também foi afetada. Naquele período as perdas de produção ficaram em 2,8 milhões de toneladas.