Diálogo entre Mercosul e UE avança e acordo pode sair ainda neste ano, diz secretário

Segundo o Ministério da Agricultura, clima está positivo entre as partes e há boa vontade de encontrar uma solução conjunta.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 11/10/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

O novo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, afirmou que houve avanços no diálogo entre Mercosul e União Europeia (UE) nos últimos dias e que há expectativa de o acordo de livre comércio entre os blocos ainda neste ano. Segundo ele, o clima está positivo entre as partes e há boa vontade de encontrar uma solução conjunta.

“A primeira boa notícia é a conclusão da rodada de negociação do Mercosul com a União Europeia. Hoje temos a oportunidade de ter um documento conjunto, que trata, entre outras coisas, de sustentabilidade”, disse, em entrevista coletiva de imprensa nesta quinta-feira (10/10).

“O clima é positivo e estamos com boas perspectivas para ter uma conclusão o mais rápido possível, eventualmente até o fim do ano”, completou. Rua assumiu a pasta na última sexta-feira (4/10) no lugar ocupado até então por Roberto Perosa.

Sobre o pedido de adiamento da vigência da lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), o secretário afirmou que o eventual novo prazo ajudará no processo de “diálogo”. Ele disse que as informações adicionais apresentadas pela Comissão Europeia na semana passada ainda estão em avaliação. “É uma janela de construção de diálogo, e o Brasil quer fazer parte dela. Defenderemos o interesse do país”, disse na coletiva, sem comentar se haverá brechas para solicitar alterações na lei.

Por enquanto, ressaltou Rua, o momento é de avaliar as condições apresentadas pelos europeus e ouvir o setor produtivo sobre as suas especificidades para implementação. “Vamos chamar os setores para o diálogo e entender o que está sendo pedido. O Brasil não ficará devedor em nenhum momento, o país cumpre os mais estritos padrões socioambientais do mundo e está muito bem colocado na discussão agroambiental”, destacou.

Rua comentou que alguns setores produtivos, por exemplo, comentam que as diretrizes apresentadas pela UE podem até colocar o país em uma situação privilegiada e de aumento do comércio com o bloco, dada as dificuldades que outras cadeias e outros países terão para cumprir as regras.

“Não nos furtaremos em defender interesse do produtor brasileiro. Alguns setores mencionam que pode haver aumento das exportações em função disso. Cada geografia lutará pelos seus interesses”, disse. Uma das preocupações apontadas é com os pequenos produtores brasileiros e de outras nações nesse processo.

“Podemos avançar e chegar a um ponto comum que atenda aos anseios da União Europeia, de seus consumidores e, ao mesmo tempo, que não fira as normas do comércio internacional e direito de pequenos e médios terem acesso a esses mercados”, completou.

“O Brasil é o país mais bem posicionado na geopolítica do agronegócio, que é uma geopolítica de paz”, afirmou o secretário. Segundo ele, o Brasil precisa estar presente e liderar todas as discussões que envolvem segurança alimentar, energética e climática.

Rua disse que se o mundo enxergar esses potenciais e virtudes do Brasil, poderão ser abertos novos mercados e ampliada a participação do agronegócio brasileiro no comércio mundial. “Nesse contexto em que o mundo pede mais alimento e mais energia, e de acordo com normas cada vez mais restritivas na questão da sustentabilidade, o Brasil consegue ser bem posicionado”, avaliou.

Globo Rural

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