Nesta segunda-feira (7/10), quando é comemorado o Dia Mundial de Algodão, o Brasil tem muitos motivos para comemorar. No ano passado, o país ultrapassou os EUA e se consolidou como o principal exportador global da pluma. Em 2024/25 esse cenário deve se repetir, com um aumento na produção, que não deve ser afetada pelo momento adverso dos preços.
Para este novo ciclo, a área plantada deve crescer 7,4% em relação à última safra, e abranger 2,14 milhões de hectares. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que também espera um aumento na produção de 8%, com colheita prevista em quase 4 milhões de toneladas.
Também há boa perspectiva para as exportações do algodão brasileiro. A entidade não divulgou números, mas espera que o Brasil se mantenha à frente dos EUA na liderança global do fornecimento do produto. Em 2023/24, o Brasil enviou ao exterior 2,6 milhões de toneladas, enquanto os EUA embarcaram 2,56 milhões.
“Será um grande marco confirmar a liderança do Brasil nas exportações de algodão, porque prova que não foi apenas uma casualidade da conjuntura, mas é uma tendência duradoura”, disse, em nota, Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa.
Desafio de mercado
Em meio a muitos prognósticos positivos para a próxima temporada, o grande desafio dos produtores de algodão provavelmente será lidar com a queda nas cotações do produto, principalmente na bolsa de Nova York.
Miguel Faus, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), lembra o momento fraco para os preços, que têm apresentado oscilações entre 68 e 72 centavos por libra-peso nos últimos meses, refletindo uma demanda fraca.
“A oferta global, marcada por grandes safras no Brasil, Estados Unidos e Austrália, contrasta com uma demanda moderada, especialmente pela redução das importações da China, o maior comprador mundial. A China, que no ciclo anterior representava 50% das exportações brasileiras, agora absorve apenas cerca de 20%, desafiando o setor a buscar novos mercados, como Índia e Egito”, pontuou Faus.
Diante desse quadro de depreciação da pluma, o cotonicultor deve aprimorar suas estratégias para não sofrer impactos nas margens.
“Para consolidar a previsão [de safra], vai depender muito da produtividade, que por sua vez está atrelada ao clima, sobre o qual não temos ingerência. Por isso, e considerando também o mercado, a nossa recomendação é que o produtor se preocupe muito em reduzir ou otimizar os custos, e fazer o melhor possível para aumentar a produtividade, para compensar os preços não tão atrativos no momento”, destacou Schenkel.