A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) começou neste domingo (6), no Egito, com um discurso que chamou atenção para a emergência climática. A tônica foi de celebração das conquistas da última reunião, a COP26, em Glasgow, na Escócia, mas de entendimento que o desafio segue em nossa frente e que ainda não estamos no caminho para manter o aquecimento global em 1,5°C acima do nível pré-industrial.
“De quantos alertas os líderes ainda precisam?”, questionou Alok Sharma, presidente da conferência passada (COP26), em uma pergunta que deu o tom do discurso de abertura. “Há muito mais a ser feito nesta década crítica”, completou.
Sharma clamou que a conferência seja de “ação concreta” e frisou que progredir é possível. “Precisamos acelerar esse progresso no restante desta década decisiva. Mas acredito que podemos. Sabemos o que precisamos fazer para manter (a meta de) 1,5°C viva. Nós sabemos como fazer.”
COP27: mudanças climáticas e guerra
Espera-se que a COP27 seja a conferência da justiça climática e da implementação dos acordos: a hora de trocar a retórica pela ação. No entanto, apontam especialistas, deve ser uma reunião marcada pelas consequências da guerra na Ucrânia e pela trava no financiamento para a adaptação e a mitigação do aquecimento global nos países em desenvolvimento.
“Crises agravaram as vulnerabilidades climáticas existentes e os efeitos devastadores da pandemia” — Alok Sharma
A guerra na Ucrânia e suas consequências estiveram presentes nas falas de abertura. “A guerra brutal e ilegal de Putin na Ucrânia precipitou várias crises globais: insegurança energética e alimentar, pressões inflacionárias e dívidas em espiral. Essas crises agravaram as vulnerabilidades climáticas existentes e os efeitos devastadores da pandemia. Apesar desse contexto, houve algum progresso na implementação dos compromissos que firmamos em Glasgow”, falou Sharma ao citar Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Presidente da conferência eleito
Na cerimônia, a presidência da COP27 foi oficialmente assumida pelo chanceler egípcio, Sameh Shoukry, eleito por aclamação. Ele frisou que o Egito está comprometido em tornar a conferência um marco, com a renovação de compromissos e ao iniciar a implementação e atingir “ação bilateral coletiva”, a fim de enfrentar o que chamou de “maior desafio da humanidade nos tempos modernos”.
“O caminho de desenvolvimento que a humanidade endossou desde a Revolução Industrial até recentemente, não é mais sustentável” — Sameh Shoukry.
“Todos os tipos de evidência mostram, sem dúvida, que a mudança climática é uma ameaça real para a vida das pessoas”, afirmou Shoukry. “A ciência comprova que o caminho de desenvolvimento que a humanidade endossou desde a Revolução Industrial até recentemente, não é mais sustentável, e que, se continuarmos sem nenhuma mudança radical, as gerações futuras certamente enfrentarão consequências mais graves do que aquelas testemunhadas pelas gerações atuais.”
Shoukry convidou as lideranças presentes a mostrar “ao mundo inteiro” que estão cientes dos desafios que se desenham e que há vontade política para combatê-los.