Chuvas atrasam plantio de algodão em Mato Grosso e deixam produtores em alerta

Redução de área no Estado já está reduzindo estimativas para a colheita nacional da pluma.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 28/01/2025 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

As chuvas fortes que atingem Mato Grosso não prejudicam apenas o avanço da colheita de soja no Estado. O excesso de umidade preocupa também os produtores de algodão.

De acordo com a Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão (AMPA), devido às chuvas da última semana, a preocupação com o atraso no plantio do algodão se intensificou entre os produtores, o que pode gerar dificuldades para o setor cumprir os prazos da semeadura da safra 2024/2025. No Estado, 30 municípios já decretaram emergência devido aos prejuízos causados pelas tempestades.

Segundo o último boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a semeadura do algodão até 24 de janeiro seguia abaixo do esperado. Apenas 28,57% da área projetada foi semeada, queda de 48,48% em comparação com o mesmo período da safra passada.

“Esse atraso preocupa, pois o ciclo do algodão é sensível a fatores climáticos, e qualquer alteração no cronograma de plantio pode afetar a produtividade da colheita”, disse, em nota, Orcival Guimarães, presidente da AMPA.

Na avaliação do dirigente, a demora na colheita da soja por causa do mau tempo impacta diretamente a safra da pluma no Estado. O Imea disse que a ceifa de soja em Mato Grosso chegou a 4,38% da área prevista para o ciclo 2024/25 até a última sexta (24/1). O ritmo está atrasado na comparação com os 21,51% colhidos nessa mesma época do ano passado.

“Atualmente, os produtores vivem a incerteza sobre o total da área de algodão que será plantada, já que a semeadura não será realizada dentro da janela ideal por causa da chuva. O aumento de tempo para a colheita da soja já representa um impacto imenso, não só para o algodão, como também para o milho”, avalia o presidente da AMPA.

“Esse atraso pode afetar tanto a rentabilidade dos produtores quanto a oferta de pluma de algodão para a indústria têxtil, que depende de uma produção estável e previsível. A expectativa agora é que as condições climáticas melhorem e que os produtores consigam recuperar o tempo perdido”, enfatizou Orcival.

Safra nacional

Nesta segunda-feira, a consultoria StoneX reduziu para 3,79 milhões de toneladas sua estimativa para a safra de algodão no Brasil em 2024/25. O número é inferior as 3,83 milhões projetadas pela consultoria em dezembro, mas é 4,6% maior que produção do ciclo 2023/24.

Segundo a consultoria, o ajuste se deu por uma redução na área plantada em Mato Grosso. De acordo com a empresa, o Estado, que é o principal produtor de pluma no Brasil, deve plantar 1,53 milhões de hectares de algodão nesta safra, pouco abaixo do último número, que era de 1,55 milhões de hectares, mas ainda cerca de 5,1% acima do ano passado.

“O que temos visto é um atraso na colheita de soja no Mato Grosso. Com isso, o plantio do algodão no estado, que é feito principalmente na segunda safra, deverá sofrer um atraso, aumentando os riscos envolvidos nessa cultura e desestimulando alguns produtores a seguir aumentando área neste ano”, adverte Raphael Bulascoschi, analista de inteligência de mercado da StoneX.

“Além disso, os preços de algodão seguem mais pressionados neste começo de ano, enquanto o milho, por exemplo, vem apresentando ganhos, fortalecendo a área do cereal em detrimento da pluma na segunda safra”, acrescenta Bulascoschi.

Para o balanço de oferta e demanda, a consultoria não realizou revisões, e seguiu estimando exportações de algodão neste ano em 2,8 milhões de toneladas, volume pouco acima das 2,77 milhões de toneladas exportadas em 2024.

Globo Rural

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