OTTAWA (Reuters) – O Ministro do Comércio Internacional do Canadá disse na quinta-feira que há interesse de ambos os lados em avançar nas negociações comerciais com o bloco sul-americano Mercosul, enquanto Ottawa busca novos acordos em um esforço para diversificar seus negócios com os EUA.
O primeiro-ministro Mark Carney e sua equipe estão em negociações com o presidente dos EUA, Donald Trump, para fechar um acordo comercial até 1º de agosto, o que pode ajudar a reduzir as tarifas sobre o Canadá.
Mas seu governo também está se preparando para depender menos de um relacionamento que gerou um comércio bilateral de mais de C$ 1 trilhão (US$ 727,33 bilhões) no ano passado e se concentrar na diversificação do comércio assinando pactos de livre comércio globalmente.
“Tive conversas com o ministro das Relações Exteriores do Brasil e há interesse em dialogar sobre o Mercosul”, disse o ministro Maninder Sidhu em entrevista à Reuters.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse em abril que estava interessado em avançar nas negociações para um acordo comercial entre o Mercosul da América do Sul e o Canadá.
O Mercosul – que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – já teve rodadas de negociação para um acordo comercial com o Canadá no passado.
O Canadá também está interessado em continuar as negociações com a China para abordar os desafios comerciais e vê o descongelamento das relações entre a Índia e o Canadá como um passo importante para apoiar o comércio, disse o Ministro.
“Com a China, há oportunidades, há desafios”, disse ele, acrescentando que os países estão mantendo discussões francas sobre um caminho a seguir em termos de tarifas comerciais sobre exportações de canola, carne bovina, ração para animais de estimação e muitos outros produtos.
O Canadá tem 15 acordos de livre comércio abrangendo 51 países, dando acesso a 1,5 bilhão de consumidores, e Sidhu disse que Ottawa buscará mais acordos desse tipo nos próximos meses, sem dar uma meta específica.
Ele assinou um acordo de livre comércio com o Equador e um pacto de promoção de investimentos com os Emirados Árabes Unidos em seus dois primeiros meses no cargo e disse que as discussões estão em andamento com os países da ASEAN e também individualmente com países do Indo-Pacífico, incluindo a Indonésia e as Filipinas.
SUPEREXPOSIÇÃO
Sidhu disse que as empresas canadenses estão superexpostas aos EUA e não são tão competitivas quanto costumavam ser devido às tarifas de Trump.
“Meu trabalho é estar lá fora abrindo portas”, disse ele, acrescentando que buscaria diversificar não apenas o comércio, mas também as aquisições de defesa do Canadá dos EUA.
Carney prometeu aumentar os gastos com defesa em mais C$ 9 bilhões este ano para atingir a meta da OTAN de gastar 2% do PIB.
“Estamos trabalhando com a União Europeia e outros parceiros ao redor do mundo para ajudar a desbloquear algumas dessas oportunidades de aquisição em defesa para nossas empresas canadenses”, disse ele.
As exportações canadenses para os EUA caíram em maio para 68% do total exportado, ante uma média mensal de 75% no ano passado. A participação dos EUA em maio foi a menor já registrada, com as empresas buscando diversificar suas exportações a partir dos EUA.
Ele não respondeu diretamente sobre como seria um acordo comercial entre o Canadá e os EUA, mas disse que o governo “trabalharia para chegar a um acordo que fosse melhor para as empresas e os trabalhadores canadenses”.