Brasil redirecionou carne após anúncio de sobretaxa dos EUA

Exportadores brasileiros tiveram que realocar 30 mil toneladas de carne bovina que estavam nos portos para serem embarcadas aos Estados Unidos.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 30/07/2025 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Cerca de 30 mil toneladas de carne bovina do Brasil estavam nos portos para serem embarcadas aos Estados Unidos ou já em navios a caminho do país quando o presidente americano, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1 de agosto. Parte dessas cargas continuou rumo aos Estados Unidos, e houve também redirecionamento para destinos como México, apurou o Valor.

A estratégia de manter os envios que estavam em curso foi uma tentativa de reduzir o prejuízo que a ausência do mercado americano deve causar nos bolsos dos exportadores, caso se aplique, de fato, a nova tarifa.

Ontem, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, afirmou que o segmento deve sentir um impacto negativo de US$ 1 bilhão ao deixar de exportar aos EUA cerca de 200 mil toneladas que estavam previstas para este semestre. De janeiro a junho deste ano, o Brasil vendeu 181,5 mil toneladas aos americanos e faturou US$ 1,04 bilhão com os embarques.

“A gente vinha com 15 mil a 25 mil toneladas de carne por mês aos EUA e tinha a perspectiva de que fossem exportadas 400 mil toneladas neste ano para eles”, disse em evento online da revista “Exame.” Segundo Perosa, a sobretaxa de 50% elevaria as alíquotas para embarques de carne bovina a 76,4%, inviabilizando as vendas.

Fontes da indústria disseram ao Valor que frigoríficos que tinham cargas entre o porto e alto-mar optaram por manter parte dos envios aos EUA. Algumas delas já chegaram aos portos americanos e escaparam a sobretaxa.

Três fontes disseram que JBS e Minerva estavam entre as companhias com cargas rumo aos EUA. No caso da Minerva, alguns dos lotes foram redirecionados ao México, mudança de rota que traria poucas alterações nos custos logísticos, segundo duas fontes. Procuradas, as duas empresas não comentaram o assunto.

Já o frigorífico Astra tinha 27 toneladas de carne em um porto brasileiro que voltaram à planta de origem, apurou o Valor. A empresa tinha ainda uma carga, também de 27 toneladas, no mar com destino aos EUA que continuou a viagem, com chance de chegar antes do dia 1 de agosto.

Uma fonte disse que as empresas ainda acreditam na possibilidade de que as cargas que chegarem após 1 agosto possam entrar em solo americano sem a nova taxação. “Por isso que estão optando por manter o envio”, afirmou.

Perosa, da Abiec, admitiu que, mesmo que haja redirecionamento, não se trata de um volume com possibilidade de acomodação imediata em outros mercados. “Alternativa existe, mas nunca tão acessível quanto os americanos, com grande volume. Não há um mercado que absorva tudo [que seria vendido aos EUA]”.

Ele avalia, porém, que os americanos não têm um fornecedor alternativo para substituir o Brasil com o mesmo nível de competitividade de preços.

“A carne argentina e a uruguaia competem com a americana na prateleira do supermercado. Eles [concorrentes] não têm o volume que o Brasil produz da carne que é direcionada para a indústria [americana]”, afirmou.

A oferta de gado nos EUA está no menor patamar em décadas e pode não voltar a níveis anteriores — daí a necessidade do país de importar carne para atender a demanda local.

Globo Rural

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