Brasil busca atrair investidores estrangeiros com novo plano fiscal

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 25/04/2023 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de Mercado

LONDRES (Reuters) – Líderes empresariais e políticos do Brasil estão na estrada em busca de investimentos no país, enquanto procuram acalmar as preocupações sobre a lista de desejos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cuja viabilização demandaria altos gastos.

A recuperação dos preços das commodities e um Banco Central independente e rigoroso com a inflação fizeram do Brasil um queridinho dos investidores em mercados emergentes no ano passado. Mas sua economia, afetada como a de outros produtores de petróleo de mercados emergentes pela pandemia de Covid-19, apenas saiu claudicante da recessão. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento econômico morno de 0,9% este ano.

Na conferência de investimentos Lide Brazil em Londres na sexta-feira, investidores e líderes políticos disseram que o arcabouço fiscal que o governo enviou ao Congresso na semana passada acalmou as preocupações de que suas ambiciosas metas de gastos sociais aumentariam o déficit e impulsionaram seu apelo aos investidores.

“É um clima positivo”, disse Joel Virgen Rojano, diretor de estratégia para a América Latina da TD Securities, à Reuters. “Existem âncoras claras, regras claras.”

O tão esperado arcabouço permitiria que as despesas cresçam até 70% do aumento observado nas receitas recorrentes, visando manter a sustentabilidade da dívida pública.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse na conferência que os parlamentares vão agir rapidamente para aprovar o projeto de lei, que também busca conter uma tendência de aumento de gastos alimentado por ganhos extraordinários incertos.

“Temos melhorias que podem ser feitas, mas acredito que o governo poderá manter a essência do projeto”, afirmou Pacheco, acrescentando que os parlamentares precisam focar rapidamente na reforma tributária que é essencial para as metas de receita do governo.

Os mercados brasileiros estão mistos desde o retorno de Lula ao poder em 1º de janeiro, em um cenário de maior nível em seis anos nas taxas de juros e preocupações com a viabilidade de metas ambiciosas de crescimento da receita do governo.

O real atingiu máxima de 10 meses este mês e os títulos em moeda forte ofereceram um retorno de quase 4% no primeiro trimestre. O Tesouro Nacional captou 2,25 bilhões de dólares de investidores internacionais – o primeiro lançamento deste tipo em um ano e meio.

Mas as ações estão no vermelho em dólar em 2023 em comparação com pequenos ganhos em mercados emergentes mais amplos e um aumento de mais de 20% nas ações do México.

As ações subiram depois que o governo Lula apresentou o projeto de lei fiscal.

O novo arcabouço aliviará algumas preocupações com o déficit.

“Alguns dos riscos de algo completamente heterodoxo foram eliminados”, disse Jared Lou, gerente de portfólio da William Blair Investment Management. “Não vimos políticas muito extremas sendo promovidas. Isso levou a alguma compressão nos spreads de crédito.”

A visão de que as taxas de juros dos Estados Unidos estão perto do pico, o que pode suavizar o dólar e fortalecer outras moedas, está despertando interesse nos mercados emergentes e também pode impulsionar o Brasil.

No entanto, para muitos, as águas ainda não estão claras.

“Parece que muitas coisas podem dar errado”, afirmou William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics. “Essa regra fiscal só funciona se o governo conseguir aumentar significativamente as receitas.”

Ronaldo Patah, diretor de investimentos Brasil do UBS Wealth Management, disse que, apesar das incertezas, o arcabouço fiscal de Lula sugere que ele mudou seu foco para o futuro.

“Este é um ambiente melhor”, declarou. “Os investidores estrangeiros têm boa vontade com o Brasil – eles querem investir.”

Notícias Agrícolas

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