Os impactos sociais e econômicos a serem trazidos pela construção da Ferrogrão, que terá 933 quilômetros de extensão, serão maiores que os causados ao meio ambiente. A pontuação é do presidente do Fórum Agro MT, Itamar Canossa. A retomada dos estudos e processos administrativos para o projeto, parados desde 2021, recebeu aval ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na última semana.
Apesar do julgamento da constitucionalidade da lei que alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim no Pará não ter ocorrido no STF no dia 31 de maio como previsto, o sinal verde do ministro Alexandre de Moraes para a retomada dos estudos e processos da Ferrogrão foi considerado uma vitória em Mato Grosso.
O ministro deferiu ainda o pedido da Advocacia Geral da União (AGU) para que no prazo de 60 dias apresente sugestões para solução da controvérsia.
Os estudos da Ferrogrão foram interrompidos em 2021, por ordem do próprio ministro Alexandre de Moraes. A ação que suspende a construção da ferrovia atende a um pedido do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). De acordo com o partido, a obra causará impactos ao meio ambiente.
“A determinação da retomada dos estudos de impacto é uma vitória, uma vez que só por meio deles pode-se ter convicção técnica. Fora dos estudos, tudo são impressões. A decisão do ministro é para ser comemorada, pois será a oportunidade de se mostrar que a ferrovia além de ser viável economicamente também o será no que diz respeito ao meio ambiente”, pontua presidente do Fórum Agro MT, Itamar Canossa.
Ainda de acordo com Canossa, “O impacto será de uma fração de décimo percentual da área dela (menos de 0,06%), sendo quase a totalidade do traçado margeando a BR-163. A ferrovia em atividade significará menos caminhões nas estradas, queimando menos combustível, e menos acidentes. Significará menos CO2 na atmosfera e menos vidas perdidas em acidentes”.
Ferrogrão trará desenvolvimento ao estado, afirmam autoridades
De acordo com o deputado estadual e presidente da Câmara Setorial Temática (CST) da Ferrogrão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Reck Junior, que produziu o relatório técnico entregue aos ministros do STF no dia 30 de maio, a ferrovia trará não só avanço para a logística do estado, como também desenvolvimento.
Também deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária de Mato Grosso (FPA-MT), Dilmar Dal Bosco, destaca que a importância da ferrovia para a geração de empregos.
Relatório da CST da ALMT aponta uma expectativa é de geração de 30 mil empregos diretos e 373 mil indiretos, além das compensações ambientais estimadas em R$ 765 milhões e barateamento de até 40% do custo do frete de cargas.
“A construção de uma linha férrea como a Ferrogrão ajudaria a reduzir a sobrecarga nas redes rodoviárias e diminuir as emissões de carbono associadas ao transporte rodoviário de longa distância, reduzindo os custos de transporte e minimizando o impacto ambiental”, frisa Dal Bosco.