Redução parcial de tarifas nos EUA e desaceleração da China acendem alerta no mercado brasileiro de carne bovina

EUA reduzem tarifas, mas impacto imediato é limitado

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 19/11/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

A recente decisão dos Estados Unidos de diminuir em 10 pontos percentuais a tarifa de reciprocidade sobre carnes e outros produtos brasileiros foi recebida com cautela pelo setor pecuário nacional. Apesar do anúncio, a tarifa principal sobre a carne bovina — que permanece próxima de 40% — ainda impede a retomada de exportações em volume expressivo.

Segundo o consultor financeiro e zootecnista Fabiano Tavares, a medida representa apenas um alívio parcial.

“Essa redução é limitada e não significa uma reabertura efetiva do mercado norte-americano”, afirma.

Ele explica que a mudança elimina apenas a taxa de reciprocidade, mas mantém o bloqueio mais pesado, o que continua inviabilizando novos embarques relevantes para os EUA.

Especialistas apontam que cenário global segue desafiador

De acordo com reportagens recentes da Reuters e da Argus Media, as tarifas elevadas impostas pelos Estados Unidos devem redesenhar o fluxo global do comércio de carne bovina, uma vez que o corte de 10 pontos percentuais não altera a tarifa-base de 40%.

Para Tavares, o impacto prático da decisão é restrito:

“Há um certo alívio, mas ele é parcial; não existe ambiente para imaginar uma retomada vigorosa das exportações brasileiras para os EUA.”

China reduz ritmo de compras e amplia a preocupação do setor

Enquanto o mercado norte-americano segue fechado em grande parte, o mercado chinês, principal destino da carne bovina brasileira, dá sinais de desaceleração. Nos últimos meses, a China suspendeu as compras de algumas empresas nacionais por motivos regulatórios e excesso de estoques. Além disso, analistas indicam que o país asiático tem adotado uma postura mais cautelosa, inclusive avaliando possíveis medidas de salvaguarda.

Fabiano Tavares observa que a “frieza” das compras chinesas neste fim de ano é atípica.

“Historicamente, a demanda chinesa costuma dar sustentação aos embarques brasileiros no último trimestre, o que não está acontecendo em 2025”, ressalta.

Risco de excesso de carne no mercado interno

A combinação entre tarifas ainda elevadas nos EUA e a moderação da China pode resultar em um excesso de carne sem destino externo, o que tende a pressionar os preços no mercado interno.

“Mesmo com a redução parcial da taxa americana, não haverá retomada rápida das exportações”, afirma o consultor.

Ele alerta para o risco de o produto que não encontra espaço nos mercados americano e chinês inundar o mercado doméstico, provocando queda nas cotações.

Setor deve adotar estratégias de cautela e planejamento para 2025

Com um cenário mais desafiador previsto para 2025 e 2026, Tavares destaca a necessidade de gestão cautelosa por parte de produtores, frigoríficos e exportadores. Ele recomenda:

  • Monitorar de perto os contratos internacionais e os volumes aprovados pelos importadores;
  • Atentar aos padrões sanitários e de qualidade exigidos nos principais mercados;
  • Revisar estratégias comerciais e fortalecer as cadeias produtivas alinhadas às exigências de sustentabilidade.

Perspectiva: tarifa menor, mas incertezas maiores

Em síntese, a redução tarifária dos Estados Unidos oferece um pequeno respiro, mas a desaceleração da China impõe riscos relevantes ao setor brasileiro de carne bovina.

“A alegria da tarifa menor pode ser falsa se não vier acompanhada de um mercado comprador”, conclui Fabiano Tavares.

O momento exige prudência, planejamento e respostas rápidas de toda a cadeia produtiva para enfrentar a instabilidade e evitar desequilíbrios no mercado interno.

Portal do Agronegócio

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