Os Estados Unidos podem enfrentar uma interrupção das atividades do governo a partir desta terça-feira, 30. O motivo é a ausência de consenso no Congresso sobre o orçamento federal, que precisa ser aprovado antes do encerramento do ano fiscal. Sem essa definição, o país entra em um processo conhecido como shutdown, que bloqueia serviços públicos e retém o pagamento de servidores.
A medida atinge órgãos considerados não essenciais, mas os efeitos são amplos. Funcionários ficam sem remuneração, agências federais reduzem atividades, e setores como transporte aéreo e programas sociais sofrem atrasos. O impasse se tornou recorrente na política americana e costuma refletir a dificuldade de entendimento entre republicanos e democratas.
A indefinição repercutiu no mercado financeiro. Na última segunda-feira, 29, o dólar recuou 0,31%, cotado a R$ 5,32, em meio à cautela dos investidores. Analistas afirmam que uma paralisação prolongada pode aumentar a percepção de risco fiscal nos Estados Unidos e gerar efeitos negativos na economia internacional.
As negociações seguem sem avanço. O presidente Donald Trump descartou retomar conversas com a oposição e afirmou que não vê utilidade em novos encontros. Ele acusa os democratas de propor gastos bilionários que, segundo ele, ampliariam programas de saúde e políticas migratórias rejeitadas por seu partido. “Decidi que nenhuma reunião com seus líderes do Congresso poderia ser produtiva”, escreveu na Truth Social.
O discurso também foi endurecido pelo vice-presidente JD Vance. Após encontro com parlamentares da oposição, ele disse que a chance de paralisação aumentou porque os democratas “não estão dispostos a agir com responsabilidade”. Para os republicanos, a saída é aprovar apenas uma lei emergencial, que manteria o governo funcionando até novembro.
Do lado oposto, os líderes democratas defendem mais destinação de recursos para áreas sociais. O senador Chuck Schumer cobrou negociações sérias e afirmou que a prioridade deve ser atender às demandas da população. Já o deputado Hakeem Jeffries defendeu um acordo bipartidário que garanta investimentos em saúde, segurança e bem-estar econômico.
A Câmara dos Representantes também é palco de pressão. O presidente da Casa, Mike Johnson, afirmou à Fox News que Trump está aberto ao diálogo e deseja avançar “de boa-fé”. No entanto, ele não detalhou se haverá novas rodadas de negociação antes do prazo final.