O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) de agosto fechou em 1,27, representando uma queda de quase 4% em relação ao mês anterior. A melhora é resultado de um mês com subida de preço das commodities e queda no preço dos fertilizantes, período marcado por incertezas globais, como os impactos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e revisões sobre o balanço global de oferta e demanda de grãos.
Os fertilizantes registraram uma queda média de 1,5% nos preços, por conta de variações internacionais no balanço de oferta e demanda das principais matérias-primas e tambem com a proximidade do plantio no Brasil com as entregas de fertilizantes para a safra de verão. O Brasil ainda possui cerca de 10% do volume de fertilizantes esperados para serem negociados para safra de soja, praticamente todos estados do Brasil ainda apresentam saldo de mercado, com destaques para Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás sendo cada dia mais decisivo para o agricultor que ainda não adquiriu seus fertilizantes a tomada de decisão pois a janela já complexa de entregas de Setembro tende a ficar ainda mais pressionada.
As commodities agrícolas registraram alta em agosto, com destaque para a soja (4%), milho (3%) e cana-de-açúcar (4%). O algodão foi a única exceção, com queda de 4%, mas sem impacto significativo na média geral. A valorização está ligada à revisão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que reduziu os estoques globais de soja, e ao aumento da demanda chinesa voltada ao Brasil. O dólar também influenciou o IPCF, com queda de 1,5%, refletindo a cautela do mercado diante das políticas comerciais dos Estados Unidos.
Com o início do plantio da safra de verão em setembro, o principal ponto de atenção recai sobre as condições de crédito do mercado agrícola. Nos últimos meses, o setor de fertilizantes tem enfrentado gargalos relevantes, resultado do maior rigor adotado pelos canais de distribuição na liberação de pedidos, que hoje dependem de garantias integralmente formalizadas. Soma-se a isso um movimento de retração do mercado financeiro, decorrente das regras de provisionamento contábil estabelecidas pelas instituições financeiras, que reduziu de forma significativa o apetite para a concessão de novas linhas de crédito ao setor. Essa conjuntura tem se refletido de maneira concreta no dia a dia do campo, com produtores e distribuidores reportando maior dificuldade de acesso a financiamento. Diante desse cenário, torna-se imprescindível tratar o tema com máxima cautela, uma vez que a disponibilidade de crédito será determinante para assegurar o ritmo adequado das entregas de insumos nesta fase crucial da safra.
Entendendo o IPCF
O IPCF é divulgado mensalmente pela Mosaic e consiste na relação entre indicadores de preços de fertilizantes e de commodities agrícolas. A metodologia consiste na comparação em relação à base de 2017, indicando que quanto menor a relação mais favorável o índice e melhor a relação de troca. O cálculo do IPCF leva em consideração as principais lavouras brasileiras: soja, milho, açúcar, etanol e algodão.
Metodologia
*A fonte para o cálculo dos preços dos fertilizantes no porto brasileiro é a CRU, empresa de consultoria internacional. Já os preços das commodities são apurados pela média do mercado brasileiro, em dólar, calculados com base nas publicações feitas pela Agência Estado e CEPEA.
**O índice de preços de fertilizantes inclui os valores de MAP, SSP, Ureia e KCL ponderados pelas participações respectivas de seu uso no país. Já o das commodities inclui soja, milho, açúcar, etanol e algodão, ponderado pelo consumo de fertilizantes.
***O índice é também ponderado pelo câmbio, considerado 70% dos fertilizantes (custo) e 85% das commodities (receita).
****Culturas analisadas: soja, milho, açúcar, etanol (cana-de-açúcar) e algodão.
*****Dados referentes a agosto/2025