A semana começou bem calma no mercado pecuário, informa o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Muitos agentes estão observando o cenário, e não houve grande interesse por compras nem por vendas. Entre os negócios captados pela equipe do Cepea nesta segunda-feira (30/6), a maioria se manteve nos mesmos valores da semana passada, e alguns saíram a preços menores.
Entre as 32 regiões pecuárias monitoradas pela Scot Consultoria, 24 apresentaram estabilidade no preço do boi gordo nesta segunda-feira. Houve quedas em Araçatuba (SP), Barretos (SP), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), sudeste de Mato Grosso, sudeste de Rondônia e norte de Tocantins. Apenas no oeste da Bahia foram registradas altas nas cotações.
Nas praças paulistas de Araçatuba e Barretos, os preços do boi gordo e da novilha caíram R$ 3, respectivamente para R$ 310 e R$ 297 a arroba no pagamento a prazo. Para a vaca, o recuo foi de R$ 2, para R$ 283 a arroba. Já o “boi China” ficou estável em R$ 318 a arroba.
Segundo a Scot, parte dos frigoríficos esteve fora das compras nesta segunda-feira em São Paulo. Com o aumento na oferta de bovinos e a demanda por carne enfraquecida, quadro que já vinha sendo observado, a semana começou com viés de baixa.
Mudanças no mercado
O Cepea destaca que a semana passada foi de mudança. O mercado pecuário saiu de um ritmo frequente de altas para um misto de estabilidade e quedas. As escalas foram determinantes para essa alteração, segundo o Centro de Estudos. “Conforme tinham folga, os frigoríficos diminuíam a pressão de compra e passaram a ofertar preços menores”, destaca.
Os pecuaristas não têm aceitado facilmente os novos valores propostos, lembra o Cepea. “Não se vê ‘efeito manada’ de venda e tampouco as reduções são generalizadas”, destaca. O momento é de busca de novo equilíbrio entre a demanda dos frigoríficos e a oferta ainda remanescente dos pastos, mas principalmente dos confinamentos programadas para o segundo semestre.
Segundo o analista Felipe Fabbri, da Scot Consultoria, a queda momentânea do boi gordo no final do mês foi influenciada por diversos fatores. Em primeiro lugar, o escoamento no mercado interno, tradicionalmente mais fraco na segunda quinzena do mês, exerceu certa pressão.
Adicionalmente, a desvalorização do dólar, atingindo sua mínima anual na segunda quinzena, reduziu temporariamente a margem das indústrias exportadoras, apesar de os preços em dólares terem sido maiores em junho de 2025 em comparação com junho de 2024. Esse cenário cambial também contribuiu para a pressão nas margens da indústria exportadora. “Além disso, a oferta de gado se mostrou relativamente confortável para o período, em função da menor demanda interna”, destaca Fabbri.
Expectativas para julho
Em relação às expectativas para julho e o segundo semestre, Fabbri espera que a primeira semana do mês traga um impulso para o consumo de carne bovina no mercado interno, impulsionado pelo recebimento dos salários, o que deve beneficiar o escoamento e limitar a tendência de baixa observada em junho.
Paralelamente, o cenário de exportação continua favorável, com um aumento de quase 25% em junho de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, sem sinais de desaceleração no início de julho. “Diante disso, prevê-se uma interrupção da tendência de baixa, pelo menos no curto prazo”, afirma o analista.
A manutenção ou reversão dessa tendência dependerá da evolução da oferta e da demanda, explica Fabbri. O inverno, com a chegada de frentes frias e chuvas fora de época em algumas regiões, deve influenciar o mercado.
“As temperaturas mais baixas podem acelerar o descarte de gado nas fazendas, aumentando a oferta em alguns momentos e locais, enquanto as chuvas podem permitir aos pecuaristas retardar a entrega dos animais. A interpretação desses fatores será crucial para entender o impacto no mercado do boi nas próximas semanas”, destaca. Quanto à oferta, a perspectiva é de estabilidade ou até mesmo de correções positivas nos próximos dez dias.