Mesmo com a alta nos preços dos fertilizantes pressionando financeiramente os produtores rurais, o Brasil registrou um volume recorde de importações de insumos entre janeiro e maio de 2025.
A condição econômica dos produtores rurais brasileiros segue instável, com uma combinação desafiadora de margens mais apertadas, restrições de crédito e alto nível de endividamento. Esta tendência que deve se manter na próxima safra de grãos com uma alta dos custos de produção, com destaque para os fertilizantes, puxados especialmente pela alta nos preços do fósforo, aponta relatório do Rabobank.
O banco atribui essa tendência a um desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado internacional. “A menor oferta global é explicada, entre outros fatores, pela ausência da China no mercado internacional”, afirma o relatório. Ao mesmo tempo, países como Brasil e Índia seguem com forte demanda por esses insumos.
O documento observa que, mesmo diante de preços elevados, a Índia mantém um apetite firme por fertilizantes, principalmente ureia e fósforo. A atuação ativa do governo indiano, que continua emitindo licitações para compras em grande escala, “tem ajudado a manter a liquidez do mercado, embora também contribua, em certos momentos, para reforçar a tendência de alta nos preços”.
No Brasil, as importações de fertilizantes seguem em ritmo acelerado. Segundo o banco, entre janeiro e maio deste ano, foram importadas aproximadamente 15,2 milhões de toneladas, o maior volume já registrado para o período. O destaque vai para o fósforo: enquanto as importações de MAP (fosfato monoamônico) caíram 14% em relação à média dos últimos cinco anos, fertilizantes alternativos como Super Simples (SSP) e Super Triplo (TSP) apresentaram crescimentos expressivos de 112% e 84%, respectivamente.
Quando analisadas as importações com base no teor de P₂O₅ (óxido de fósforo), o relatório destaca que o volume acumulado até maio já supera tanto o total importado em 2024 quanto a média dos últimos cinco anos. Já as entregas ao consumidor final totalizaram 9,4 milhões de toneladas até março, de acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). A maior parte desse volume está relacionada à demanda por milho safrinha. A estimativa do banco é que as entregas em 2025 superem 46 milhões de toneladas.
O Rabobank também aponta possíveis fontes de instabilidade no curto prazo. Um dos fatores de atenção é a volatilidade nos preços da ureia em razão dos conflitos no Oriente Médio. No entanto, o banco pondera que “apenas se o conflito se prolongar é que devemos observar impactos mais significativos sobre o preço da ureia no Brasil”.
Outro ponto-chave destacado no relatório é o papel do Plano Safra, cuja definição deve influenciar diretamente o volume de crédito disponível ao setor agropecuário.