Ainda que tenham surgido no país projetos de expansão da malha ferroviária e que as hidrovias se mostrem competitivas, o escoamento da safra de grãos para exportação continua a crescer mais por rodovias. Em 14 anos, a participação do modal no escoamento de grãos passou de 39% para 47%. E, embora o volume de grãos nas ferrovias e hidrovias tenha crescido no período, a participação desses modais não acompanhou o ritmo.
Os dados estão no Anuário Agrologístico da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), que a autarquia vai divulgar hoje. De acordo com o relatório, a participação do modal ferroviário nas exportações de grãos era de 53% em 2010 e caiu para 36% em 2024. Já o modal de navegação pelo interior até cresceu na década passada, passando de 8% em 2010 para 17% em 2020, mas esse percentual ficou estável nos anos seguintes.
Foram basicamente as rodovias que atenderam a demanda que surgiu com o aumento da produção e exportação de grãos. O volume de grãos que o agro escoou por caminhões foi de 16,7 milhões de toneladas em 2010, subiu para 45,2 milhões de toneladas em 2020 e alcançou 69,2 milhões de toneladas no ano passado. Isso representou um crescimento de mais de quatro vezes no período.
Nas ferrovias, o escoamento de grãos também cresceu, mas em ritmo menor. Em 2010, passaram pelos trilhos 22,3 milhões de toneladas de grãos. O volume subiu para 46,7 milhões de toneladas em 2020 e para 53 milhões de toneladas em 2024. O aumento nesses 14 anos foi de 2,4 vezes.
O escoamento por hidrovias cresceu de maneira mais acelerada. Foram 3,4 milhões de toneladas de grãos viajando sobre as águas fluviais em 2010, em 2020, 18,6 milhões de toneladas, e, no ano passado, 24,6 milhões de toneladas. Nesse intervalo, o crescimento foi de mais de sete vezes.
“No Arco Norte, o transporte por hidrovia para os portos de Itacoatiara (AM) e Santarém (PA) saltou de 3,4 milhões de toneladas, em 2010, para 24,6 milhões de toneladas no ano passado, um aumento de 723%. Por ferrovia, também vimos crescimento, no porto de Itaqui (MA), indo de 22,3 milhões de toneladas, em 2010, para 53 milhões de toneladas em 2024, ou 237,6%”, disse Edegar Pretto, presidente da Conab.
Para ele, os números refletem a Lei dos Portos, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2013, “que melhorou e desburocratizou os investimentos e parcerias com a iniciativa privada”.
