Os dados oficiais de inflação mostram que o café em pó subiu quase 33% ao consumidor em 2024. Só em novembro, a alta foi de 2,33%, segundo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A triste notícia para o consumidor é que os aumentos de preço devem continuar.
Com isso, o pacote de 500 gramas de café já pode ser encontrado nos supermercados a mais de R$ 30 a depender da marca e qualidade.
Segundo o especialista e sócio do escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, os estoques globais estão caindo e o clima indica problemas na safra de café brasileira – a maior do mundo – em 2025/26.
O que se chama pegamento da florada é o pivô do problema. Com meses de tempo seco, os arbustos não conseguiram criar tantas flores e as que surgiram não estão formando grãos suficientes.
“Chegamos no momento da prova de fogo. Será que o preço mais alto vai restringir a oferta e a demanda, porque se não restringir a demanda doméstica e, se a demanda internacional continuar forte, teremos possibilidade de valorização ainda maior no país”, explicou o sócio da Pine Consultoria, Vicente Zotti.
A vantagem para o consumidor brasileiro é que no verão, o consumo de café costuma diminuir e pode compensar um pouco a continuidade da procura por países do Mercosul.
Outros aumentos
Além do cafezinho mais caro, o consumidor brasileiro ainda tem que enfrentar uma elevação de 14,8% no preço das carnes neste ano, sendo 8,02% em novembro.
O destaque, neste caso, são os cortes de primeira: contrafilé (13,8% no ano), filé mignon (7,98%), coxão mole (15,56%), alcatra (14,56%) e patinho (18,61%).
Como a Globo Rural vem mostrando diariamente, o preço da carne tem aumentado devido à menor oferta de boi gordo. Com os últimos meses registrando o tempo muito seco, poucos animais ficaram prontos para abate. A oferta menor foi agravada pelo início do processo de retenção de fêmeas pelos produtores.
Mas, diferentemente do café, os frigoríficos fizeram ajustes em sua produção e isso diminuiu as escalas de abate. Na última semana, a média nacional ficou em nove dias úteis, menor patamar desde agosto. Entre os destaques, o Pará atingiu 13 dias úteis, o maior nível desde agosto, enquanto Rondônia avançou para 11. Já São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Tocantins encerraram em nove dias úteis e Mato Grosso, com oito.
No atacado, segundo a Scot Consultoria, apesar da melhora nas vendas e a queda no preço da arroba, o volume de carne com osso no mercado aumentou na última semana, pressionando os preços. A cotação da carcaça casada do boi capão recuou 2,8% e a da carcaça casada do boi inteiro caiu 3,6%. Para a vaca casada, a cotação caiu 4,7%. Para a novilha, o preço caiu 2,9%. No mercado de carnes alternativas, a cotação da carcaça de suíno especial caiu 2,0%. A cotação do frango médio subiu 3,4%.
Outro destaque de alta no mês ficou como óleo de soja, com elevação de 11% em novembro e 22,92% no ano.
Apesar de os preços do grão estarem em queda na bolsa de Chicago, a cotação dos derivados está em alta pela demanda forte pelas indústrias alimentícias e de biodiesel.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o uso de óleo bruto aumentou em todo o mundo e os países asiáticos têm procurado importar mais por falta de oferta doméstica.
Inflação geral
No cômputo geral do IPCA, o item alimentação e bebidas teve alta de 1,55% no mês e 6,44% no ano. A alimentação dentro de casa subiu 1,81% em novembro e 6,98% em 2024.
Já o IPCA ficou em 0,39% em novembro e 4,29% em 2024. A alimentação é um dos itens que mais pesa na inflação geral do país, com 21,3060 de peso no indicador. Já dentro do domicílio, o peso é de 15,4337.
Individualmente, entre os “vilões” do ano as carnes representam 2,5320, o café 0,4653 e o óleo, 0,2370.