Nova Zelândia espera duplicar o comércio agrícola com o Brasil

Ministro neozelandês da Agricultura e Comércio também vê espaço para oferecer tecnologia do país aos produtores brasileiros.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 08/11/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Parceiro diplomático do Brasil em temas agrícolas na arena internacional, a Nova Zelândia quer pelo menos dobrar o que vende ao país e o que compra em produtos agropecuários nacionais nos próximos dez anos. Essa é a expectativa do ministro da agricultura e comércio do país, Todd McClay, que recebeu o Valor em visita a São Paulo em outubro.

Foi sua primeira viagem ao Brasil. Na capital paulista, ele encontrou-se com representantes de diferentes segmentos industriais, firmou memorandos entre empresas neozelandesas e clientes brasileiros, e visitou, informalmente, uma das plantas da JBS.

Mas sua parada principal foi Brasília, convidado pelo governo brasileiro para conduzir as reuniões de alinhamento ‘pré G-20’. O convite veio em razão do histórico da diplomacia neozelandesa de conduzir debates multilaterais em entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Para McClay, a ambição de duplicar o comércio bilateral não é pequena, já que a produção da Nova Zelândia é muito menor que a do Brasil. “Queremos que a Nova Zelândia apareça de forma mais relevante como parceiro comercial do Brasil”, disse.

Hoje, a Nova Zelândia compra cerca de US$ 270 milhões por ano em produtos agrícolas brasileiros, ao passo que vende US$ 246 milhões ao Brasil anualmente. A aposta do ministro é que o agronegócio neozelandês esteja presente “nas lacunas de necessidades de importação de alguns produtos” do Brasil, como acontece com o fornecimento do kiwi. Ele espera que as exportações cresçam em 2025.

McClay participou de uma agenda com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio (Mdic), Geraldo Alckmin, mirando conexões para as agroindústrias dos países. Segundo ele, o objetivo é que a Nova Zelândia venda ao Brasil mais do que seu turismo para estudos, mas também tecnologia agrícola.

“O Brasil oferece muitas oportunidades, principalmente nos setores de agtech, energia e recursos, tecnologia e segurança”, afirmou. Ele vê espaço para que a tecnologia desenvolvida pelos neozelandeses para a agricultura conquiste o campo brasileiro.

No ano passado, o comércio entre os dois países, considerando todos os setores da economia, alcançou US$ 520 milhões, um incremento de 36% em dez anos.

Na última década, cerca de 40 empresas da Nova Zelândia estabeleceram escritórios locais ou representação no Brasil. De 2019 até este ano, o número de acordos de exportação de empresas do país ao Brasil quadruplicou.

O terceiro principal produto de exportação da Nova Zelândia ao Brasil são os laticínios. No período de 12 meses encerrado em junho de 2024, as vendas do produto totalizaram US$ 16 milhões, negócio que ficou atrás apenas do turismo de brasileiros ao país (US$ 82 milhões) e da venda de produtos farmacêuticos (US$ 60 milhões).

Todd McClay quer manter debates bilaterais sobre desenvolvimento sustentável, investimentos, segurança alimentar, redução de barreiras não tarifárias e fortalecimento do sistema multilateral do comércio, temas que foram pauta da reunião prévia ao G20 e devem ser retomados no encontro do grupo no Rio de Janeiro no dia 19.

Um dos posicionamentos comuns aos dois países é pela revisão da lei antidesmatamento da União Europeia. Como seu par brasileiro, Carlos Fávaro, McClay defendeu o adiamento da aplicação da lei, que agora deve ser votado no Parlamento Europeu, e também criticou os “padrões inflexíveis” da regra para pequenos produtores. “Não é só uma medida de protecionismo da União Europeia, mas é algo que eles não conseguirão cumprir efetivamente.”

Outra posição comum é a defesa da redução de taxas agrícolas. Em junho, McClay acabou com a cobrança de um imposto pelo arroto e gases provenientes do rebanho, estabelecido em 2022. Segundo ele, que é agrônomo, a taxa estava onerando o produtor, que não conseguia investir mais em descarbonização. Com a decisão, McClay quer influenciar o debate global de subsídios agrícolas e redução de cobranças sobre os atores da cadeia.

Globo Rural

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