O aumento do MAP (fosfato monoamônico) está deixando o produtor preocupado. O fertilizante, que é uma commodity cotada na bolsa de Chicago, está com os contratos com vencimento para outubro e novembro fechando a US$ 570 a tonelada na cotação Brasil-CFR (direto no porto) na sexta-feira (25/10).
A matéria-prima do pacote NPK, que há quatro meses estava na casa dos US$ 300, é fundamental para as safras de verão, como a de milho. Os picos que vêm ocorrendo não são repentinos. Então, é hora de comprar?
Como as cotações dos fertilizantes não estão acessíveis publicamente para comparação, a Globo Rural apurou que há algumas semanas esse adubo estava custando US$ 420 na bolsa americana, segundo a consultoria Barchart.
Flutuações recentes devido à oferta global e aos custos de transporte e logística chamaram a atenção dos produtores e das revendas, refletindo variações semanais associadas à demanda sazonal de fertilizantes no Brasil e influências de custos internacionais de produção.
Um especialista da área falou à reportagem que o custo final que chega ao produtor, dentro da porteira, chega a ser US$ 100 mais caro, apertando as contas. Isso tem feito o produtor recuar ou não comprar a matéria-prima, trocando por produtos genéricos.
A fórmula do MAP é composta majoritariamente por fósforo e nitrogênio: NH₄H₂PO₄. Esse fertilizante é amplamente utilizado nas lavouras de soja e milho no Brasil, pois fornece uma fonte balanceada dos dois nutrientes que ajudam no crescimento inicial das plantas. O fósforo, especialmente, é crucial em solos brasileiros onde a deficiência desse nutriente é comum.
O que está acontecendo na compra de adubo?
As altas do MAP acumulam 40% em relação ao mesmo período do ano passado. A corrida pelo plantio, em especial nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, devido à chegada de chuvas, faz com que as negociações de fertilizantes aumentem e que alguns produtores paguem mais caro pelo insumo.
Esse mês, o governo brasileiro discute a implantação de algumas tarifas de importação em produtos químicos e fertilizantes para incentivar a produção interna, mas até que isso seja definido haverá dúvidas na tomada de decisão.
Como resultado, o MAP, que já enfrentava altas no mercado internacional devido à restrição de exportações da China, sofreu ainda mais aumentos no Brasil, impactando o custo para produtores de culturas como milho e trigo, segundo uma fonte ligada ao setor.
A alta dos preços é reflexo da redução da oferta global de fósforo, diante de uma mudança de estratégia dos três maiores exportadores mundiais: China, EUA e Marrocos. Além disso, afetam o preço dos fertilizantes questões geopolíticas e oscilações nos custos das matérias-primas, como o gás natural.
O Rabobank, em recente relatório, já projeta uma diminuição de 1 milhão de toneladas na entrega de fertilizantes aos consumidores finais no Brasil este ano, para 45,5 milhões de toneladas. A redução se deve, sobretudo, à alta do preço dos fosfatados.
Segundo o banco holandês, o aumento de preços já provoca diminuição nas importações dos fosfatados. Entre janeiro e julho de 2024, o Brasil importou 2,3 milhões de toneladas de MAP, 18% menos que no mesmo período de 2023.
Atenção ao mercado
Diante de todo esse cenário, não há resposta definitiva sobre se é hora de comprar o MAP. Analistas consultados sequer querem arriscar um conselho para o produtor devido às flutuações e instabilidades geopolíticas. No entanto, não há perspectiva de aumento expressivo nos preços dos grãos em Chicago e, com isso, esperar piora de conflitos globais pode custar mais caro.
A dica é ficar de olho na cotação do dólar e, se estiver capitalizado, comprar à vista, de forma moderada, sem fazer estoque.
“Travar os custos e criar a estratégia à medida que o mercado volta a responder em aumento das negociações dos futuros dos grãos, aproveitando brechas de altas, pode ser a melhor forma de rentabilizar de maneira segura, ainda que a margem seja pequena”, avalia Luís Schiavo, diretor da Naval Fertilizantes.