Estoques elevados e demanda incerta devem desacelerar mercado de fertilizantes até o fim do ano

Esse fator fundamenta a estimativa de que as importações deverão cair em relação ao ano anterior, mesmo que as vendas no mercado interno apresentem crescimento.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 15/10/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

Atualmente, Brasil e Índia são os principais compradores de fertilizantes, no entanto, seus estoques relativamente altos podem atrasar as novas aquisições e esfriar o mercado. Por outro lado, a China e o Egito mantêm volumes fracos de exportação no mercado internacional de ureia, enquanto a oferta de fosfatados segue baixa entre os grandes produtores globais. Já nos potássicos, a oferta abundante não traz sustentação para os preços.

No setor de nitrogenados, após a ureia CFR Brasil atingir o mínimo de quase US$ 300/t em meados de abril, os preços se recuperaram para US$ 365/t no final de julho, impulsionados por problemas de oferta. “A menor produção no Egito e a retirada do produtor chinês do mercado internacional restringiram a oferta e contribuíram para essa recuperação nos preços”, avalia o analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, Lucas Brunetti.

No Brasil, as importações de fertilizantes nos primeiros quatro meses de 2024 totalizaram 10 milhões de toneladas, uma redução de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Esse menor volume pode ser atribuído aos altos estoques remanescentes de 2023. Com um estoque inicial de 8,7 milhões de toneladas, era esperado que as importações fossem menores em comparação ao ano anterior. “A previsão é que as importações de fertilizantes em 2024 sejam 1% menores que as de 2023, totalizando 39 milhões de toneladas”, aponta Brunetti.

Além disso, 2024 começou com entregas de fertilizantes ligeiramente superiores às do ano passado. Segundo os dados mais recentes da ANDA, de janeiro a abril, as entregas somaram 11 milhões de toneladas, um aumento de 1% em relação ao mesmo período de 2023. “Estimamos que o crescimento das entregas em 2024 seja de 1% ano contra ano, atingindo 46,7 milhões de toneladas”, expõe o analista.

Apesar do segundo semestre ser o período mais importante do ano, em termos de volume de entregas, Brunetti diz que não acredita que a velocidade da entrega seja alterada de maneira significativa. “Com a redução das margens dos grãos, o mercado deve perder dinamismo. Todavia, mesmo assim, estimamos aumento da área destinada aos grãos em 2024, menos que nos últimos anos, mas ainda positiva”, afirma.

Segundo o especialista, é importante considerar que a indústria e as revendas locais precisam diminuir seus estoques de fertilizantes, que começaram 2024 acima da média dos últimos anos. “Esse fator fundamenta a estimativa de que as importações deverão cair em relação ao ano anterior, mesmo que as vendas no mercado interno apresentem crescimento”, pontua Brunetti, enfatizando que enquanto os estoques estiverem acima do normal, as margens das revendas devem ficar pressionadas.

Conforme o analista, ainda há aquisições de fertilizantes no Brasil a serem feitas para a safra de grãos que será plantada no segundo semestre, e os preços de alguns macronutrientes já começaram a subir. “Além disso, os riscos operacionais de atraso no recebimento dos produtos no momento ideal de aplicação aumentam, principalmente se houver grande concentração no período de aquisição, tanto na logística portuária quanto em eventuais interrupções no fluxo de carga até as fazendas”, ressalta Brunetti.

O Presente Rural

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