Um ano após o ataque do grupo Hamas a Israel, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza e aumentou a violência na região, o agronegócio brasileiro enfrenta novos desafios no Oriente Médio. O envolvimento de países como Líbano e Irã no conflito pode gerar dificuldades logísticas e aumento de custos. Segundo Michel Alaby, consultor e diretor regional da Câmara de Comércio do Estado de São Paulo (Caesp), o conflito anterior elevou os custos de frete para a região entre 15% e 20%, mas os preços voltaram ao normal com a redução das tensões. A nova crise, no entanto, pode provocar um aumento semelhante.
Maurício Palma Nogueira, diretor da consultoria pecuária Athenagro, afirma que a situação pode se agravar caso outras potências, como Rússia, Estados Unidos e China, se envolvam no conflito. Embora ainda não haja sinais de tal escalada, ele destaca que o risco de o conflito se tornar regional é significativo.
Apesar da guerra em Gaza, que completou um ano, as exportações brasileiras de agronegócio para a região não foram diretamente afetadas. De janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou US$ 11,9 bilhões para países árabes, um aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2023. Para Israel, o valor exportado foi de US$ 316,2 milhões, praticamente igual ao do ano anterior, segundo dados da Agrostat.
O setor de carnes, principal item exportado pelo Brasil para a região, registrou crescimento em volume e receita. As exportações de carne bovina para Israel aumentaram 22% em relação a 2023, totalizando 24,5 mil toneladas, enquanto as exportações para países árabes cresceram 19%, atingindo 1,5 milhão de toneladas de carne bovina e de frango.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), afirmou que a indústria brasileira já estava se preparando para diferentes cenários desde o início do conflito. Ele explicou que o aumento do volume exportado reflete essa adaptação a possíveis mudanças no cenário.