Brasil quer produzir mais fertilizantes e diminuir a dependência externa

O presidente Lula inaugurou ontem o complexo que deve fabricar 1 milhão de toneladas do produto por ano. Atualmente, o agro brasileiro depende em 80% da importação de países como a Rússia que, por causa da guerra, dificulta o envio.

Tempo de leitura: 2 minutos

| Publicado em 15/03/2024 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de mercado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início ontem à sua rodada de viagens mirando o agronegócio. Em Serra do Salitre (MG), o mandatário participou da inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, empresa europeia que abriu no Brasil sua primeira mineradora fora do continente. O empreendimento deve impulsionar a produção brasileira de fertilizantes e, de quebra, reduzir o preço do insumo para o agro.

Em seu discurso, Lula fez fortes acenos ao setor e declarou que o Brasil será o “celeiro do mundo” no futuro, seja em produção de alimentos, seja em energias renováveis. Ele argumentou ainda que não se pode “desvalorizar as commodities”, mesmo com a vontade do governo de investir na reindustrialização. O complexo inaugurado ontem representa investimento de US$ 1 bilhão no país, e deve produzir 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano, 15% da produção total brasileira.

O chefe do Executivo também destacou a necessidade de tornar o país autossuficiente em fertilizantes, já que 80% do insumo é importado hoje em dia. “Se o Brasil, Fávaro, é um país agrícola, quase que imbatível hoje pelo alto grau de investimento em ciência e tecnologia, em genética, por que que a gente não é pelo menos autossuficiente na produção dos fertilizantes que nós precisamos?”, discursou, dirigindo-se ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, também presente.

Apenas a guerra entre Rússia e Ucrânia, para o presidente, levantou a preocupação sobre os fertilizantes. Em 2022, com o início do conflito, o envio dos produtos pela Rússia – maior exportador para o Brasil – ficou ameaçado. Lula também citou que o Brasil fechou fábricas de fertilizantes no passado, como a de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, por conta de um “complexo de vira-lata”, acreditando na qualidade superior dos importados.

“Não existe arma de guerra mais importante na face da Terra do que o alimento. Porque o alimento é a sobrevivência de todas as criaturas vivas”, enfatizou. O mandatário argumentou ainda que o país caminha para ser o “celeiro do mundo” não apenas na produção de alimentos, mas também de energia renovável. “É verdade também que a gente não pode desvalorizar as commodities, porque a gente sabe o quanto de tecnologia tem em um grão de milho, em um grão de soja”, afirmou. Citando a cafeicultura mineira como exemplo, o petista também pediu por um “salto de qualidade” no agronegócio. Segundo ele, em vez de apenas produzir os grãos, é preciso também investir no produto final, já processado e torrado.

Também estavam presentes o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), e Alexandre Silveira (Minas e Energia), além do governador de Minas Gerais, Romeu Zema — adversário político do governo federal. Empresários da EuroChem também discursaram.

Correio Braziliense

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