O Brasil semeou nesta safra 2022/23 cerca de 1,6 milhão de hectares com algodão e uma colheita estimada de 2,98 milhões de toneladas apenas de pluma. De acordo com especialistas, os resultados obtidos na cultura, principalmente em produtividade e qualidade, nos últimos anos são decorrentes à pesquisa.
Os resultados obtidos na cultura do algodão foram alguns dos pontos abordados durante o II G.A. Tec Algodão, realizado pela Girassol Agrícola no dia 24 de junho. O evento reuniu cerca de 1,3 mil pessoas de Mato Grosso e demais estados produtivos na Fazenda Girassol, próximo à Rondonópolis.
Gilberto Goellner, fundador e presidente do Conselho de Administração da Girassol Agrícola, pontuou que o contato entre pesquisadores e o setor produtivo é fundamental. Durante o painel “Os resultados falam por si. Os produtores falam por nós”, ele relembrou os primeiros passos da produção de algodão em Mato Grosso e da busca de auxílio com a Embrapa Soja.
“A Embrapa foi essencial para que o produtor tivesse amparo da pesquisa. Em termos de estado, Mato Grosso não tinha uma pesquisa forte. Então, a estrutura de uma empresa privada [à exemplo da criação da Fundação MT e da Ampa], a grande diferenciação que houve era que nós éramos uma associação privada. Isso diferenciou a cultura em Mato Grosso. Foram as entidades privadas que começaram a fazer pesquisa”.
Produtividade caminha junto com qualidade
De acordo com Francisco Soares, presidente da Tropical Melhoramento e Genética (TMG), a produtividade não pode vir desatrelada a qualidade da fibra.
“Saltamos de 143 quilos de pluma por hectare em 1980 no país para uma média de 1,8 mil quilos em 2023. Toda essa evolução veio em cima de manejo, coisas simples que foram se agregando e hoje chegamos numa alta tecnologia. Os desafios que vejo para hoje é criarmos um produto cada vez mais sustentável. A produtividade não pode vir desatrelada a qualidade da fibra. Estamos inseridos num mercado altamente competitivo”, disse Francisco Soares.
Walter Horita, diretor do Grupo Horita na Bahia, destacou que a alta produtividade está ligada a sustentabilidade econômica, ambiental e social.
“Pesando em aumento de produtividade, que é o que garante a nossa sustentabilidade econômica, você tem que pensar no incremento de bioinsumos. O crescimento do biológico acredito que deve evoluir e o uso dessa tecnologia tem que ser vista. Acredito que as empresas de pesquisa irão nos trazer as soluções adequadas para que o produtor possa utilizar e da nossa parte nós estamos aqui esperando soluções cada vez com menos impacto para produzirmos de forma sustentável”.
Planejamento é essencial para a produção de algodão
Cotonicultor em Sorriso, Luimar Gemi salientou que não existe uma fórmula para o sucesso da produção de algodão em Mato Grosso e no Brasil. E, sim uma somatória de atitudes e acertos de coisas que precisam ser feitas para que tal sucesso ocorra no momento da colheita.
“Nós agricultores temos algumas situações que são dependentes das nossas mãos para que aconteçam. É preciso que os produtores relembrem, planejem e que consigam fazer com que aconteça em suas fazendas. O planejamento é essencial antes dos problemas surgirem”, frisou.