A trading de commodities agrícolas Bunge superou as estimativas de Wall Street para o lucro do primeiro trimestre divulgado nesta quarta-feira, ajudado por fortes margens de esmagamento na América do Norte e no Brasil, bem como pela alta demanda por alimentos, rações e biocombustíveis.
Mas os lucros caíram em relação ao recorde do primeiro trimestre do ano passado devido aos resultados mais fracos do processamento de oleaginosas na Ásia, Europa e na Argentina, atingida pela seca, além de interrupções nos fluxos de grãos causadas pela guerra na Ucrânia.
A empresa reportou lucro líquido ajustado de 3,26 dólares por ação para os três meses encerrados em 31 de março, abaixo do recorde de 4,26 dólares de igual período de 2022, mas acima da estimativa média dos analistas de 3,24 dólares por ação, segundo dados da Refinitiv.
A Bunge reafirmou sua perspectiva para o ano de 2023 de lucro ajustado de 11 dólares por ação, citando resultados provavelmente mais fracos de suas divisões de Agronegócio e Moagem, mas lucros melhores em sua unidade de Óleos Refinados e Especiais.
“Os resultados mistos podem não pesar muito sobre as ações hoje. Mas as estimativas provavelmente não estão subindo para o ano”, disse o J.P. Morgan em nota, citando a projeção inalterada da Bunge para o ano inteiro, cerca de 80 centavos abaixo do consenso atual de analistas.
A Bunge e seus pares Archer-Daniels-Midland Co., Cargill Inc e Louis Dreyfus Co ganham dinheiro processando, comercializando e despachando safras em todo o mundo e tendem a lucrar com a escassez provocada por secas ou guerras.
Mas as interrupções no fornecimento devido à guerra em andamento na Ucrânia e uma forte seca na Argentina começaram a prejudicar os ganhos das tradings de grãos.
A pior seca em décadas reduziu as colheitas de grãos e soja na Argentina, privando a Bunge de safras que precisa processar.
O lucro ajustado do primeiro trimestre da unidade de Agronegócios da Bunge, a maior em receita e volume, caiu 18% no ano.
A Bunge disse que os resultados foram fortes em todas as regiões em seu segmento de óleos refinados e especiais, principalmente nas Américas do Norte e do Sul, refletindo tendências favoráveis da demanda por alimentos e combustíveis.