Milho Balanço Mensal – Out/25: Cotações ganham fôlego em Chicago e mantém trajetória altista no Brasil

Acordo comercial entre EUA e China, forte competitividade nas exportações e produtividade média do milho fundamentam alta internacional. No Brasil, mercado segue alta externa, mas comercialização do produto é considerada modesta.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 03/11/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Milho – Mercado Externo

Os futuros de milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) concluíram outubro em terreno positivo. No dia 31, o contrato de dezembro acumulou valorização mensal de 3,31%, encerrando a sessão a US$ 4,31 por bushel, enquanto o vencimento de março avançou 2,54%, cotado a US$ 4,44 por bushel.

Durante a primeira metade do mês, o mercado permaneceu praticamente estável, com oscilações limitadas. A paralisação do governo norte-americano desde setembro, que interrompeu a divulgação dos relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), incluindo condições das lavouras, balanço de oferta e demanda e demais indicadores fundamentais, reduziu a propensão dos agentes a assumir posições mais agressivas.

Esse cenário mudou na segunda quinzena, quando o avanço nos preços da soja serviu de catalisador para ganhos no milho. A perspectiva de um acordo diplomático entre Estados Unidos e China fortaleceu o apetite dos participantes por ativos do complexo de grãos, estimulando um movimento de recuperação.

Paralelamente, as projeções para a safra 2025/26 sinalizam exportações recordes por parte dos Estados Unidos, sustentadas por ampla disponibilidade doméstica e preços relativamente mais competitivos frente a outros ofertantes globais. Contudo, o setor de ração animal norte-americano tem mantido ritmo moderado de compras, adquirindo lotes pontuais, o que pode levar o USDA, quando retomar a divulgação dos relatórios, a revisar para baixo o uso do cereal nesse segmento.

Outro ponto que deve ser revisto é a produtividade média, afetada pelo clima mais seco nas últimas semanas. As especulações sobre um rendimento menor contribuíram para sustentar os preços ao longo de outubro.

O único dado que o USDA continua publicando diz respeito às inspeções de exportação. Até 23 de outubro, os embarques semanais somaram 1,187 milhão de toneladas, queda de 10,4% ante a semana anterior, mas 38,1% acima do observado no mesmo período de 2024. No acumulado do ano comercial, os envios alcançaram 10,533 milhões de toneladas, expressiva alta de 57,8% frente ao volume registrado no ciclo anterior, refletindo desempenho externo bastante sólido.

Milho – Mercado Interno

No Brasil, o mercado também exibiu tendência altista ao longo de outubro. Na B3, o contrato de novembro fechou a R$ 68,00/saca, alta mensal de 3,68%, enquanto o vencimento de janeiro avançou 4,61%, sendo negociado a R$ 71,44/saca.

O Indicador Esalq/B3 (Cepea), referência em Campinas (SP), também registrou incremento de 2,86%, cotado a R$ 66,15/saca. No mercado físico, a maior parte das praças apresentou valorização nos preços médios, com destaque para São Paulo (6,9%; R$ 59,33/saca), Mato Grosso (4,7%; R$ 46,55/saca), Paraná (1,63%; R$ 53,66/saca), Rio Grande do Sul (1,05%; R$ 62,56/saca) e Santa Catarina (0,3%; R$ 60,78/saca). As exceções ficaram por conta de Goiás (-1,11%; R$ 54,38/saca) e Minas Gerais (-0,82%; R$ 60,25/saca), que tiveram queda nos preços médios.

A comercialização ao longo do mês foi marcada por lentidão. Em diversos momentos, produtores buscaram segurar a oferta na tentativa de capturar preços mais elevados, sustentados pelo câmbio, pelo comportamento das cotações externas e pelas incertezas climáticas. Assim, novos lotes foram disponibilizados apenas em situações específicas, como necessidade de fluxo de caixa ou liberação de armazéns. Do lado da demanda, a procura permaneceu contida, com consumidores adquirindo volumes apenas para atender necessidades imediatas.

Em relação ao quadro de oferta e demanda, o boletim da Conab para a safra 2025/26 projeta produção de 138,6 milhões de toneladas, recuo de 1,8% frente ao ciclo anterior, apesar da expansão de 3,9% na área cultivada. A produtividade média deve cair 5,4%, alcançando 6.109 kg/ha.

As exportações brasileiras estão estimadas em 46,5 milhões de toneladas, avanço de 16,3% ante a temporada passada. O consumo interno, por sua vez, deve atingir 94,5 milhões de toneladas, alta de 4,4% em relação ao último ciclo. Em contrapartida, os estoques finais tendem a declinar para 13,3 milhões de toneladas, queda de 5,4% frente ao fechamento anterior.

A competitividade do milho brasileiro no mercado global segue sob monitoramento, especialmente diante da apreciação do real nos últimos meses, que tem reduzido a atratividade do produto nacional. Esse movimento abriu espaço para os Estados Unidos ampliaram sua participação na demanda internacional.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de outubro (18 dias úteis), o Brasil exportou 5,14 milhões de toneladas de milho, equivalente a 80,4% do total embarcado em outubro de 2024, quando foram exportadas 6,40 milhões de toneladas ao longo de 22 dias úteis.

No campo, conforme informações da Conab, até 26 de outubro cerca de 40% da área prevista para o plantio da próxima safra havia sido semeada. Em Minas Gerais e Goiás, o avanço ocorre sobretudo em áreas irrigadas por pivô central. No Rio Grande do Sul, as primeiras lavouras iniciaram o florescimento, com desenvolvimento favorecido pela boa radiação solar e pela umidade adequada do solo.

No Paraná, o plantio está praticamente concluído, com lavouras em condições majoritariamente favoráveis. Em Santa Catarina, a semeadura entra na etapa final no Planalto Norte e já supera metade da área no Planalto Sul, com desempenho considerado positivo. No geral, as áreas mantêm bom potencial produtivo, embora o excesso de chuvas e as temperaturas mais amenas estejam retardando o desenvolvimento das plantas, ainda sem impactos relevantes no rendimento esperado.

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