Trigo Brasil: Cotações se mantém lateralizadas mesmo após valorização internacional

Ampla oferta global, dólar desvalorizado estimulando importações e estoques de passagem altos restringem o repasse de ganhos ao mercado brasileiro.

Tempo de leitura: 3 minutos

| Publicado em 29/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Trigo Brasil

O mercado brasileiro de trigo manteve-se estável nesta terça-feira (21), com oscilações marginais nas cotações e baixo dinamismo nas negociações. De acordo com o indicador Cepea/Esalq, o trigo pão ou melhorador no Paraná foi negociado a R$ 1.190,08 por tonelada, praticamente sem variação em relação à sessão anterior. No Rio Grande do Sul, o trigo brando apresentou avanço de 1,2%, alcançando R$ 1.086,04 por tonelada.

No mercado físico, os preços permaneceram inalterados frente ao dia anterior. Em Santa Catarina, a média para a saca de 60 kg foi de R$ 62,50; no Rio Grande do Sul, situou-se em R$ 61,50, enquanto no Paraná atingiu R$ 64,30.

Apesar da aparente estabilidade, as cotações domésticas seguem sob forte pressão. A manutenção do câmbio entre R$ 5,30 e R$ 5,50 tem favorecido a competitividade do trigo importado, sobretudo o de origem argentina. No cenário global, a produção recorde amplia a oferta do cereal. Adicionalmente, os elevados estoques de passagem no Brasil contribuem para limitar movimentos altistas expressivos no curto prazo.

No front internacional, as cotações vêm registrando ganhos desde a semana passada. Contudo, esse avanço não se refletiu nos preços domésticos, que seguem sem sustentação. Há pouca reação nos portos e baixa liquidez entre compradores internos. No Rio Grande do Sul, a ausência de negócios entre moinhos e produtores mantém o mercado praticamente paralisado. Em Santa Catarina, com a colheita ainda em estágio inicial, a oferta limitada tem levado os moinhos locais a buscar produto nos estados vizinhos. Já no Paraná, os preços pagos aos agricultores permanecem em queda, impactando diretamente a rentabilidade do setor. Estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral) apontam prejuízo médio de 14,06% em relação aos custos de produção.

No comércio exterior, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, até a quarta semana de outubro (18 dias úteis), o Brasil importou 459 mil toneladas de trigo e centeio não moídos, volume equivalente a 83,3% do total adquirido em outubro de 2024 (552 mil toneladas em 22 dias úteis).

Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 26 de outubro, 43,3% da área cultivada com trigo no país havia sido colhida. No Paraná, o tempo mais firme favoreceu o avanço das máquinas sobre as áreas maduras. No Rio Grande do Sul, a colheita foi intensificada nas regiões do Alto Uruguai e Missões, com produtividades, em geral, acima das estimativas iniciais, embora lavouras afetadas por doenças tenham registrado perdas qualitativas e quantitativas.

Em Santa Catarina, as lavouras da região Serrana encontram-se predominantemente em enchimento de grãos, com previsão de colheita das áreas precoces nos próximos dias. No Meio-Oeste, a colheita foi retomada após a redução das chuvas, apresentando produtividades compatíveis com as expectativas iniciais. Entretanto, há relatos de perda de qualidade devido ao excesso de precipitação na fase reprodutiva, o que favoreceu a ocorrência de manchas foliares e giberela. As chuvas mais recentes também provocaram acamamento em algumas áreas.

Em São Paulo, a colheita se aproxima da conclusão, com bom desempenho produtivo e qualidade satisfatória dos grãos. Na Bahia, as lavouras remanescentes apresentam bom desenvolvimento, e o ritmo de colheita segue avançando. Já em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, os trabalhos de campo foram finalizados, com resultados dentro do esperado.

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