Trigo Brasil
Os preços do trigo encerram a semana com forte valorização no Brasil diante da alta dos preços do mercado externo e valorização do dólar ante ao real. Mesmo com a informação do Governo Federal em retirar a TEC do trigo importado até o final de 2022, os preços ainda se mantém elevados, já que embora a mídia acredite que isso deve trazer grandes impactos ao setor, mitigando os preços domésticos, esta é uma realidade bem distante.
Isso acontece porque os preços do trigo doméstico estão praticamente descolados do mercado externo. Se comparado por exemplo, o trigo norte-americano com o cereal brasileiro, a disparidade é de 30% ou mais, levando-se em conta as custas de frete, seguro e nacionalização. No caso do trigo argentino, o preço CIF do grão que chega ao Paraná, está 15% superior ao cereal nacional.
Além disso, o período é de entressafra, o que reduz a liquidez dos negócios. Neste sentido, a alta que se vê no mercado, não se refere diretamente a demanda doméstica do cereal, mas sim, sobre o efeito direto do dólar e paridade de importação. Vale lembrar, no entanto,, que neste momento, é escassa a oferta de trigo de qualidade no mercado doméstico.
É preciso ressaltar ainda que comparado aos anos anteriores, os índices se encontram em altos patamares. A média semanal, no Rio Grande do Sul, subiu para R$ 102,63/saco, ganhando quase cinco reais por saco, na semana, enquanto as principais praças locais negociaram o produto entre R$ 104,00 e R$ 105,00/saco. No Paraná, o mercado trabalhou com o produto valendo entre R$ 96,00 e R$ 100,00/saco.
Com relação a safra de trigo de 2022, dados reportados pelo Deral nesta semana, informaram que a semeadura de trigo paranaense chegou a 26% das áreas, , com 99% das lavouras semeadas estando em boas condições. No atual estágio da planta, o frio e as geadas são positivos ao cereal.
Trigo Argentina
Na Argentina, as primeiras estimativas para a safra de trigo 2022/23 já começaram a surgir e de acordo com algumas entidades, a perspectiva é de novamente o país alcançar um dos seus melhores resultados, mesmo com uma redução significativa nos hectares destinados ao trigo.
Seis meses após a última colheita, foram divulgadas nesta semana as primeiras estimativas de semeadura e produção do trigo argentino 2022/23. O Guia Estratégico para a Agricultura (GEA) prevê uma área coberta com cereais de inverno de 6,35 milhões de hectares; ou seja, 550.000 hectares a menos que em 2021/22. Com isso, a área 2022/23 é a menor após quatro campanhas em que a área não ficou abaixo de 6,5 milhões de hectares.
Hoje as condições de semeadura de trigo no primeiro metro do perfil são notoriamente inferiores às de um ano atrás, na maior parte da área de trigo. Em Córdoba, a umidade do solo é ainda menor do que no início de 2020/21, uma campanha com resultados extremamente baixos. Como consequência disto, a província deverá ceder 250.000 ha de trigo. Apenas a metade sul da província de Buenos Aires (especialmente a zona oeste) e o sul de Entre Ríos apresentam melhores condições que as da temporada passada no início do ciclo.
Por outro lado, o aumento do preço de muitos insumos e sua disponibilidade limitada também desencorajaram a produção de trigo. No entanto, espera-se que essas limitações de oferta tenham um impacto relativamente mais importante na tecnologia que será aplicada ao cereal na campanha 2022/23 do que na quantidade de área plantada. No último levantamento AgBarometer realizado pela Universidade Austral , 62% dos produtores consultados expressaram problemas na obtenção dos insumos necessários, principalmente diesel e fertilizantes. Além disso, as condições de financiamento destes são, em sua maioria, iguais ou piores que as do ano passado.
Fazendo uma projeção preliminar com essa superfície (6,35 milhões de hectares) a ser implantada, área colhida e produtividades de tendência, é possível esperar uma produção 2022/23 em torno de 19,1 milhões de toneladas. Com isso, a safra projetada situa-se 3 milhões de tons abaixo da alcançada na campanha atual, mantendo-se em linha com os resultados médios dos últimos 5 ciclos.
Com relação as vendas, no início de maio, as compras de exportação chegaram a 16,8 milhões de tons e as da indústria somaram 2,4 milhões de tons. Juntas, há negócios de 19,3 milhões de tons de trigo 2021/22, o que equivale a 88% da produção estimada (22,1 mi de t).
Os negócios para a próxima temporada continua numa tendência dinâmica observada no atual ano comercial. No início de maio, as compras domésticas de trigo 2022/23 totalizaram 3,2 mi de t, volume 15% superior ao comprado na mesma data do ano passado e constituindo um máximo histórico para uma nova campanha em recordes.
Trigo Mercado Externo
Os preços futuros do trigo encerram a segunda semana de maio com ganhos de até 9% para alguns contratos, motivados principalmente pelos novos dados de oferta e demanda global de grãos oferecidos pelo USDA nesta quinta (12). Os contratos do trigo hard de mai/22 a mar/23 subiram entre 8,07% a 9,53%, enquanto que o trigo soft teve aumentos de 6,22% a 6,54% para os mesmos prazos de entregas. Os índices praticados nesta quinta e sexta-feira são os mais altos num intervalor de pouco mais de dois meses.
O novo relatório WASDE do USDA, trouxe sua primeira previsão da oferta e demanda global de grãos da temporada 2022/23, que inclusive, já começa a expressar os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a produção e exportação das commodities, especialmente para o trigo e soja.
O relatório de oferta e demanda do USDA, neste dia 12/05, apontou o seguinte para o mercado do trigo em 2022/23:
- A área a ser semeada com todos os tipos de trigo, nos EUA, fica projetada em 19,2 milhões de hectares, sendo ela 1,5% superior ao registrado no ano anterior;
- A produção dos EUA fica prevista em 47,1 milhões de toneladas, contra 44,5 milhões no último ano, e a média esperada de 48,7 milhões pelo mercado para este novo ano;
- Os estoques finais de trigo, nos EUA, somariam 16,8 milhões de toneladas, após os 17,8 milhões estimados para o corrente ano, assim como este era o volume esperado pelo mercado para o novo ano;
- O preço médio do bushel de trigo, ao produtor estadunidense, está projetado em US$ 10,75, ou seja, um pouco abaixo do atualmente praticado;
- A produção mundial de trigo, para o novo ano comercial, fica projetada em 774,8 milhões de toneladas, contra 779,3 milhões no corrente ano;
- Os estoques finais mundiais estão projetados em 267 milhões de toneladas, contra 279,7 milhões no corrente ano e 271,6 milhões na média esperada pelo mercado neste relatório;
- A produção da Argentina fica projetada em 20 milhões de toneladas, a da Austrália em 30 milhões e a do Canadá em 33 milhões de toneladas;
- A produção da Rússia projetada em 80 milhões de toneladas, enquanto a da Ucrânia, devido à guerra, recua para 21,5 milhões após as 33 milhões colhidas no ano anterior.
O USDA informou ainda que 27% da área destinada ao trigo de primavera, nos EUA, já foi plantada, enquanto eram 67% do ano passado e 47% na média histórica nesta data. Já sobre o trigo de inverno, o departamento apontou 29% das lavouras em boas ou excelentes condições, contra 27% da semana anterior, e 49% nestas condições na safra do ano anterior.
Por sua vez, os EUA embarcaram 236.847 toneladas de trigo na semana encerrada em 05/05, ficando dentro do esperado pelo mercado. Com isso, o total embarcado pelos EUA, em trigo, no corrente ano comercial, soma 19 milhões de toneladas, ou seja, 18% abaixo do registrado em igual momento do ano anterior.
Enquanto isso, a Índia exportou um recorde de 1,4 milhão de toneladas de trigo em abril, aproveitando-se do espaço deixado pela guerra no Leste Europeu. Em todo o ano comercial anterior, encerrado em 31 de março, a Índia exportou 7 milhões de toneladas de trigo. Os indianos ficam praticamente sozinhos no mercado mundial nesta época do ano, em termos de produção. Para maio, esperam exportar mais 1,5 milhão de toneladas. A Índia exportou trigo para o sul da Ásia, Sudeste Asiático, Oriente Médio, Europa e norte da África.