Trigo Brasil
O mês de abril foi positivo para os preços do trigo no Brasil, e vemos o cereal valorizando nas principais praças de negociação do país.
No Rio Grande do Sul, o preço médio da saca de 60 kg variou no mês +2,67%, encerrando a última sessão valendo R$ 62,20.
Para o Paraná a valorização foi ainda maior, com uma variação mensal de +3,91%, onde a saca fechou negociada a R$ 66,21.
Já para Santa Catarina, vemos praticamente estabilidade, com uma variação mensal nos preços da saca em +0,08%, sendo negociada a R$ 64,87.
No início do mês tivemos a liberação do 7° Levantamento de Grãos Safra 2023/24 pela CONAB no país.
De acordo com os dados fornecidos, a CONAB estimou uma alta de 141,9 mil toneladas de trigo na produção total, volume que foi agora previsto em 9,729 milhões de toneladas.
No comparativo com a safra anterior, a produção brasileira de trigo deverá ser 20,2% maior para 2023/24.
As importações do trigo permaneceram iguais ao mês anterior, estimadas em 5,500 milhões de toneladas, com uma exportação de 2 milhões de toneladas, e um consomo interno de 12,622 milhões de toneladas.
Apesar de um clima desfavorável para a região Sul do país, técnicos no Rio Grande do Sul relatam que não veremos tanta redução nas áreas de plantio do cereal.
Lembrando também que tivemos a atualização da Balança Comercial preliminar, com dados da Secex até a 4° semana de abril.
Para os 20 dias úteis contabilizados, as exportações de trigo e centeio não moídos totalizaram 369,554 mil toneladas, 31,67% a mais que em todo o mês de abril em 2023.
Quanto às importações, estas totalizaram no período 417,989 mil toneladas, uma alta de 33,66% ante ao volume importado em abril do ano anterior.
De todo modo, a recente alta do cereal na Argentina contribui para manter os preços no mercado nacional devido a influência da paridade de importação.
Não apenas isso, no mês tivemos uma alta de quase 10% para o trigo na bolsa de Chicago, movimento que não passou despercebido.
Trigo Mercado Externo
Não preciso nem falar na disparada que os preços do trigo tiveram mundo afora, atingindo máximas do ano para diversos contratos em bolsas.
Começando pelos EUA, tivemos os futuros do trigo SRW na bolsa de Chicago com uma variação mensal de +5,03% no contrato maio, e +5,34% para o julho. Os futuros do trigo KC HRW variaram +8,20% para o vencimento maio e +11,24% para o julho!
De modo geral, um forte suporte veio das novas escaladas entre o conflito no Mar Negro.
Além dos novos ataques entre Israel e Irã, a região de Odessa foi novamente atingida na segunda-feira do dia 22. Tais ocorrências levantam preocupações não apenas com a oferta dos cereais, mas também com o setor energético, impulsionando os futuros do petróleo, que levam na carona o óleo de soja e o etanol de milho.
Mas o que realmente alavancou as cotações do cereal, foram os dados do Crop Condition nos EUA.
Segundo o USDA, na semana encerrada no dia 21 de abril, as condições boas/excelente do trigo de inverno tiveram uma queda de 5 pontos percentuais, totalizando agora apenas 50% do total.
As lavouras em condições regulares passaram a representar 34%, e entre ruins/péssimas 16%, uma alta de 3 pontos percentuais ante a semana anterior.
Condições climáticas adversas no Hemisfério Norte dos EUA, seca ao Sul da Rússia e geadas tardias na França, fazem o mercado questionar qual será a real oferta de trigo para a nova temporada.
Dando um banho de água fria nas cotações já no final do mês, temos a atualização das vendas semanais para exportação de grãos nos EUA.
Entre os dias 19 e 25 de abril foram vendidas apenas 20,300 mil toneladas de trigo 2023/24, uma enorme queda ante ao volume da semana anterior.
Os destinos foram a Nigéria, Colômbia, Itália, Indonésia e México.
Para 2024/25, as vendas neste período foram de 406,900 mil toneladas, para Taiwan, Colômbia, Japão, Chile e destinos desconhecidos.
Falando da Rússia, a SovEcon reduziu suas estimativas para a produção de trigo no país em 1 milhão de toneladas, estimando agora um volume de 93 milhões de toneladas, primeiro corte dos números nesta temporada.
O principal responsável pelo corte foram as previsões de condições climáticas secas para o Sul da Rússia.
O Serviço Estatal de Estatística da Ucrânia divulgou o levantamento final da safra de grãos 2023 na Ucrânia.
O total produzido totalizou 59,8 milhões de toneladas, sendo 21,6 milhões de toneladas de trigo, e 31 milhões de toneladas de milho, uma alta de 4,3% e 18% ante à safra anterior, sucessivamente.
Do início da temporada até o dia 01 de maio, a Ucrânia exportou 41,4 milhões de toneladas de grãos.
Encerrando, no início do mês USDA também atualizou suas estimativas para a oferta e demanda mundial de grãos, liberadas no relatório WASDE.
O relatório apontou um aumento nas estimativas para a produção mundial de trigo em 660 mil toneladas, volume agora previsto em 787,36 milhões de toneladas. O consumo também contou com acréscimos, agora estimado em 800,1 milhões de toneladas.
Os estoques finais tiveram leve corte, mas tendem a estabilidade, estimado em 258,27 milhões de toneladas.