Soja – Mercado Externo
Na última sexta-feira (19), os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a semana com perdas expressivas. O vencimento de novembro caiu 1,99%, sendo cotado a US$ 10,25 por bushel, enquanto o contrato de janeiro recuou 1,93%, fechando a US$ 10,44 por bushel.

O movimento de baixa foi intensificado após a reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping. A ausência de um acordo para a retomada das compras de soja americana pelos compradores asiáticos frustrou o mercado, pressionando os preços. A postura cautelosa da China, que mantém estoques internos elevados e utiliza a soja como instrumento de barganha, reforça a volatilidade no curto prazo.
Além disso, o início do plantio no Brasil, segundo maior produtor mundial, e os avanços da colheita nos Estados Unidos contribuem para o recuo das cotações. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 14 de setembro, 63% das lavouras eram classificadas entre boas e excelentes, uma redução de 1 ponto percentual em relação à semana anterior e ao mesmo período de 2024.
As áreas em condição regular permaneceram em 26%, com leve aumento frente ao ano passado, enquanto lavouras consideradas ruins ou muito ruins atingiram 11%, avanço de 1 ponto percentual frente à semana anterior e estabilidade na comparação anual. A colheita americana já cobre 5% das áreas, abaixo dos 6% registrados no mesmo período de 2024, mas acima da média de 3% observada nos últimos cinco anos.
Entre 5 e 11 de setembro, as vendas da safra 2025/26 somaram 923 mil toneladas, com destinos principais para Egito, México, Espanha, Bangladesh e Holanda. Foram registradas também vendas da safra 2026/27, totalizando 2,3 mil toneladas para Japão e Vietnã.
As exportações semanais alcançaram 837,1 mil toneladas da safra 2025/26, acumulando 50,1 milhões, avanço de 13% em relação ao ciclo anterior. Espanha, Bangladesh, México, Holanda e Turquia lideraram os destinos.
As inspeções de exportação até 11 de setembro somaram 804 mil toneladas, alta de 172% frente à semana anterior e quase 170% na comparação anual. No acumulado do ano comercial, os Estados Unidos já embarcaram 1,068 milhão de toneladas, crescimento de 142,9% em relação às 747 mil toneladas do período anterior.
Soja – Mercado Interno
No Brasil, a oleaginosa segue sob pressão. Segundo o Indicador Esalq/B3 do Cepea, a soja em Paranaguá foi negociada a R$ 139,33 por saca, queda de 1,35% em relação à semana anterior. No Paraná, a desvalorização foi de 0,96%, com preço médio de R$ 133,69 por saca.
No mercado físico, a maior parte das praças registrou recuo. Os ajustes mais significativos ocorreram no Paraná (-1,48%) e Mato Grosso do Sul (-1,45%), com médias de R$ 119,49 e R$ 126,14 por saca, respectivamente. Por outro lado, o Rio Grande do Sul (1,56%) e Minas Gerais (0,14%) apresentaram ligeira valorização, com preços médios de R$ 126,09 e R$ 127,18 por saca.

Além do cenário internacional ter pesado nos preços internos, o fortalecimento do real frente ao dólar contribuiu para reduzir o ritmo das negociações. A desvalorização da moeda americana impacta a paridade de exportação e limita operações de grandes volumes. Fatores macroeconômicos também influenciam o cenário, pois com a redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos, combinada à manutenção da Selic elevada no Brasil, o país tende a atrair capital estrangeiro, fortalecendo o real e dificultando a formação de preços competitivos para exportação.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, até a segunda semana de setembro, o país exportou 2,71 milhões de toneladas de soja, equivalentes a 44,5% do volume embarcado em setembro de 2024 (6,10 milhões de toneladas em 21 dias úteis).

Quanto ao plantio da safra 2025/26, a área cultivada estava estimada em 0,9% até quinta-feira (18), contra 0,1% uma semana antes e igual percentual observado em 2024, segundo a AgRural. O ritmo de semeadura foi puxado principalmente pelo Paraná, seguido por Rondônia, Mato Grosso e São Paulo. Embora a baixa umidade tenha limitado o avanço, a previsão de chuvas significativas deve impulsionar os trabalhos nesta semana.