Soja Balanço Semanal: Chicago reage com ganhos diante de sinais de reaproximação entre EUA e China e alta no Petróleo

Enquanto no mercado interno o ritmo de negócios permanece moderado e prêmios atingem patamar de teto.

Tempo de leitura: 4 minutos

| Publicado em 27/10/2025 por:

Economista | Analista de Mercado

Soja – Mercado Externo

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a semana com ganhos consistentes. O vencimento de novembro avançou 2,18% em relação à semana anterior, encerrando a US$ 10,41 por bushel, enquanto o contrato de janeiro apresentou incremento de 2,28%, cotado a US$ 10,60 por bushel.

Embora o mercado tenha registrado movimentos de correção técnica e realização de lucros na sexta-feira (24), as especulações sobre um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China envolvendo produtos agrícolas seguiram oferecendo suporte às cotações. A expectativa em torno da reunião entre os presidentes de ambos os países, prevista para o dia 31 deste mês, mantém os agentes atentos. Caso o entendimento se concretize, estima-se que os EUA possam exportar cerca de 8 milhões de toneladas do grão.

A valorização do petróleo observada na quinta-feira (23) também exerceu influência positiva sobre o complexo de grãos, fortalecendo o viés altista da soja e impulsionando o fechamento semanal em terreno positivo.

No entanto, o shutdown do governo norte-americano segue limitando a disponibilidade de dados oficiais sobre a safra corrente, restringindo a visibilidade dos fundamentos de mercado. Na semana anterior, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou apenas as inspeções semanais de exportação, que totalizaram 1,474 milhão de toneladas até 16 de outubro, um avanço de 44,9% frente à semana precedente, mas ainda 42,2% inferior ao mesmo período de 2024. No acumulado do atual ano comercial, os embarques somam 5,537 milhões de toneladas, representando retração expressiva de 30,9% em comparação ao volume registrado no mesmo intervalo do ciclo anterior (8,013 milhões de toneladas). Esses números evidenciam o impacto negativo da menor demanda chinesa e da desaceleração nas exportações norte-americanas.

Soja – Mercado Interno

No ambiente doméstico, o Indicador Esalq/B3 (Cepea) apresentou comportamento praticamente estável ao longo da semana, com ligeira correção negativa. Em Paranaguá (PR), a saca foi negociada a R$ 138,66, leve queda de 0,08%, enquanto no Paraná o recuo foi de 0,09%, encerrando a R$ 133,44 por saca.

No mercado físico, as praças brasileiras exibiram variações mistas nas cotações. As elevações mais expressivas ocorreram em Minas Gerais (+1,68%), com média de R$ 130,00/saca, e no Mato Grosso (+0,98%), cotado a R$ 119,35/saca. Em contrapartida, as retrações mais significativas foram observadas em São Paulo (-5,02%), onde o preço médio atingiu R$ 123,00/saca, e no Mato Grosso do Sul (-0,56%), com média de R$ 125,57/saca.

O ritmo de comercialização permaneceu moroso, refletindo baixo volume de negócios e reduzido interesse dos produtores em ofertar novos lotes, diante do foco em relação ao plantio da safra atual.

No front externo, a retomada das compras chinesas de soja brasileira trouxe algum alívio ao mercado. Após um período de inatividade, a China voltou a adquirir embarques para os meses de novembro, dezembro, março e junho. Contudo, há indícios de que o país asiático deve adotar uma postura estratégica para conter avanços mais intensos nas cotações, utilizando ruídos de mercado e negociações pontuais como instrumentos de pressão. Os prêmios brasileiros alcançaram patamar considerado limite, tanto no mercado físico quanto nos contratos futuros.

Os agentes permanecem atentos à combinação de fatores como o câmbio, clima, geopolítica e evolução das cotações internacionais, uma vez que todos exercem influência direta sobre a formação dos valores domésticos. Caso um eventual acordo comercial entre EUA e China se concretize, produtores brasileiros podem enfrentar recuo nos prêmios de exportação, diante da retomada dos embarques norte-americanos.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de outubro (13 dias úteis), o Brasil embarcou 3,64 milhões de toneladas de soja, o que representa 77,4% do volume total exportado em outubro de 2024 (4,70 milhões de toneladas em 22 dias úteis).

No campo, o plantio da safra 2025/26 avança de forma consistente. De acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 21,7% da área estimada já foi semeada. No Mato Grosso, o avanço foi expressivo graças à regularização das chuvas, enquanto no Rio Grande do Sul o progresso ocorre de maneira mais gradual.

No Paraná, as precipitações recentes favoreceram o preparo do solo e impulsionaram o ritmo das operações. Em Goiás, o plantio se intensifica na região Sudoeste e começa a se expandir para outras localidades. No Mato Grosso do Sul, o retorno das chuvas trouxe alívio hídrico às áreas do Norte e permitiu avanço mais uniforme das atividades.

Em Minas Gerais, os trabalhos seguem firmes nas áreas irrigadas, com expansão gradual para as regiões de sequeiro. Na Bahia, o plantio irrigado está praticamente concluído, enquanto em São Paulo, a retomada das chuvas vem acelerando as semeaduras. No Tocantins, as atividades avançam em Caseara (Oeste) e começam a se espalhar para outras zonas produtivas.

Já nos estados do Piauí e Maranhão, o progresso segue mais lento, concentrando-se principalmente nas áreas irrigadas. Em Santa Catarina, o excesso de precipitação tem provocado atrasos, enquanto no Pará as operações se intensificam nos polos da BR-163 e de Redenção.

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