Milho Balanço Semanal: produção global de milho deve ser de 1,180 bilhão na safra 2022/23

Dados foram atualizados pelo USDA em seu relatório de oferta e demanda global de grãos na sua versão de agosto. Preços finalizam a semana com forte alta em Chicago

Tempo de leitura: 5 minutos

| Publicado em 12/08/2022 por:

Engenheira Agrônoma | Analista de Mercado

Milho Brasil

A cotação do milho esboçou reação positiva nesta última semana no Brasil. No Rio Grande do Sul, a média gaúcha, no balcão, encerra a semana em R$ 81,31/saco, enquanto nas demais praças nacionais os mesmos oscilaram entre R$ 65,00 e R$ 83,00/saco. Já na B3, o contrato setembro abriu o pregão da quinta-feira (11) em R$ 87,55/saco, novembro em R$ 89,97, janeiro em R$ 92,78 e março em R$ 93,83/saco.

Dito isso, novas projeções dão conta de que a área de milho, na próxima safra nacional de verão, deverá recuar para 4,5 milhões de hectares, após 4,61 milhões um ano antes. Segundo a consultoria Datagro que realizou as respectivas projeções, em clima normal, tal área poderá resultar em uma produção de 25,8 milhões de toneladas ou 3% acima do colhido no ano anterior. Já para a safrinha de 2023, a área poderá alcançar 18,65 milhões de hectares, crescendo 4% sobre o corrente ano. Com isso, em clima normal, a produção da safrinha chegaria a 94,6 milhões de toneladas, contra as 92,4 milhões estimadas para 2022. Assim, no total das duas safras, o Brasil tem previsão de área, para 2022/23, de 23,16 milhões de hectares, ou seja, 2% acima do realizado neste último ano, sendo que a produção total de milho atingiria a 120,5 milhões de toneladas, ou seja, 3% acima da revisada safra atual, que poderá atingir a 117,4 milhões de toneladas.

Já em termos da atual colheita da safrinha, a Agência Safras informou nesta semana que no Centro-Sul brasileiro a mesma atingiu a 74,4% no dia 05/08. Na mesma época do ano passado, apenas 59,9% estavam colhidos. Sendo que a média histórica é de 69,4% para o período. No Paraná, a colheita atingia a 54,4% da área, em São Paulo 60,2%, no Mato Grosso do Sul 66,8%, em Goiás 70,3%, no Mato Grosso 90,4% e em Minas Gerais 49,4%. Na região do Matopiba a colheita chegava a 67,7% da área cultivada de 1,15 milhão de hectares, sendo 60,2% na Bahia, 55,7% no Maranhão, 60,8% no Piauí e 89,2% no Tocantins.

Por outro lado, conforme informações da Abramilho e do Ministério da Agricultura, a China abriu mão, para este ano, de solicitar informações para o monitoramento das pragas junto ao milho brasileiro que será exportado para o país asiático. Assim, o governo chinês informou que o Brasil estava liberado, nesta safra já colhida, de cumprir as normas do protocolo, que terão de ser cumpridas a partir de 2023. Com isso, abrese um novo e importante mercado para o milho brasileiro.

Especificamente no Mato Grosso, o Imea relatou que o estado está com a colheita quase concluída, e que o preço do milho safrinha, em julho, atingiu a média de R$ 61,48/saco, ou seja, 5,3% abaixo da média de junho. Por sua vez, 68,2% da safra estava comercializada até o início de agosto.

Já no Paraná, conforme o Deral, 69% da área com milho safrinha havia sido colhida até o início da presente semana. Da área a ser colhida, 66% se apresentava em boas condições nesta data.

Por sua vez, a Famasul relatou que no Mato Grosso do Sul, a colheita da atual safrinha atingia a 41,3% da área até o dia 29/07, contra 48,5% na média histórica para a data. Do que faltava colher, 80,8% estava em boas condições. Vale, ainda, destacar que o preço médio do saco de milho, entre os dias 01 e 04 de agosto, subiu 18,3% naquele Estado, passando a R$ 68,00. Já na comparação anual, o preço recuou 27%, saindo de R$ 88,69/saco no início de agosto de 2021, para R$ 64,81 na média de agosto de 2022. Até o início do presente mês os produtores sul-matogrossenses haviam comercializado 31% de toda a safrinha estimada.

Enfim, pelo lado das exportações brasileiras de milho, nos cinco primeiros dias úteis de agosto, o país havia vendido um total de 1,69 milhão de toneladas. Esse volume representa 39% do total exportado em agosto de 2021. (cf. Secex) Para todo o mês de agosto, a Anec estima que o país possa alcançar um total de 7,9 milhões de toneladas exportadas, o que seria um recorde mensal. A instituição estima, agora, uma exportação brasileira total de milho, no corrente ano, entre 41 e 43 milhões de toneladas.

Já pelo lado das importações de milho, o país trouxe 69.403 toneladas nos cinco primeiros dias de agosto, tendo recebido 47% de todo o milho importado no mesmo mês de 2021. Enquanto isso, o preço da tonelada importada recuou para US$ 222,80.

Milho Mercado Externo

Enquanto isso nos Estados Unidos, os vencimentos futuros do milho com prazo de entrega para set/22 a mar/23 subiram 4,66% a 5,29% na variação semanal. Isso reflete ao cenário otimista que os traders tiveram após as novas perspectivas de safra divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos EUA.

O mercado esteve na expectativa do relatório do USDA, divulgado neste dia 12/08, que trouxe os seguintes números para o ano de 2022/23:

1) A produção dos EUA foi reduzida em quase quatro milhões de toneladas, ficando projetada, agora, em 364,7 milhões de toneladas;

2) Os estoques finais estadunidenses passam a 35,3 milhões de toneladas, perdendo dois milhões sobre o indicado em julho;

3) A produção mundial do cereal perde 5,9 milhões de toneladas, atingindo a 1,180 bilhão de toneladas;

4) Os estoques finais mundiais passam a ser projetados em 306,7 milhões de toneladas, com um recuo de 6,2 milhões sobre julho;

5) O preço médio anual, ao produtor estadunidense, foi mantido em US$ 6,65/bushel;

6) A produção brasileira de milho seria de 126 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina alcançaria 55 milhões;

7) As importações chinesas de milho ficam projetadas em 18 milhões de toneladas;

Afora isso, pesou sobre o mercado a redução na qualidade das lavouras do cereal nos EUA, com as mesmas, em 07/08, registrando 58% entre boas a excelentes, contra 64% um ano antes. Outros 26% estavam regulares e 16% entre ruins a muito ruins. Naquela data, 90% das lavouras estavam em fase de embonecamento, sendo que 45% estavam em fase de enchimento de grãos.

Quanto ao comércio exterior, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 05/08, atingiram a 555.620 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. Com isso, o volume total já embarcado no atual ano comercial atinge a 52,5 milhões de toneladas, ou seja, 18% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.

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